Português | Inglês





Pressione Enter para iniciar a Busca.





Volume 115, Nº 1, Julho 2020

   

DOI: https://doi.org/10.36660/abc.20190281

ARTIGO ORIGINAL

Avaliação da Dinâmica do Acoplamento da Condução Atrioventricular à Variação dos Intervalos RR em Atletas e Indivíduos Sedentários

Paulo Roberto Benchimol-Barbosa

Olivassé Nasario-Junior

Jurandir Nadal



Figura 2 – (a) Valores do slope da linha de regressão do TCAV combinado vs. intervalos RR médios (RR-TCAVslope) em função do consumo de VO2 expresso como equivalente metabólico máximo (MET) alcançado durante o teste de estresse e o respectivo gráfico boxplot. Observe que o RR-TCAVslope tende a ser mais negativo à medida que o status do condicionamento físico aumenta (pontos cinzas), em comparação com indivíduos sedentários (pontos brancos). Gráficos boxplot mostrando mediana, intervalo interquartil e intervalos de confiança de 95% são mostrados nas proximidades dos respectivos pontos do grupo. Os valores de especificidade, sensibilidade e exatidão foram calculados utilizando-se o RR-TCAVslope = 0,0044 como critério de corte. (b) Ilustração do segmento de ECG de atleta de 19 anos, representando uma sequência de batimentos sinusais normais, mostrando o alongamento do TCAV à medida que o intervalo RR diminui, indicando condução AV decremental. Observe os picos de onda P e onda R tomados como pontos fiduciais para avaliação do intervalo PR-pico. O TCAV foi avaliado como intervalo de PR-pico. TCAV - tempo de condução atrioventricular (veja o texto para maiores detalhes).





Resumo

Fundamento: O tempo de condução atrioventricular (TCAV) é influenciado pelo estímulo autonômico e sujeito a remodelação fisiológica.

Objetivo: Avaliar a variabilidade da TCAV batimento-a-batimento e o intervalo RR em atletas e indivíduos sedentários saudáveis.

Métodos: Vinte adultos, incluindo 10 indivíduos sedentários saudáveis (controles) e 10 corredores de elite de longa distância (atletas), com idade, peso e altura ajustados foram submetidos à avaliação do equivalente metabólico máximo (MET) e registro de ECG em repouso supino de 15 minutos sete dias depois. O intervalo entre os picos da onda P e da onda R definiu o TCAV. Foram calculadas a média (M) e o desvio padrão (DP) de intervalos RR consecutivos (RR) e TCAV acoplados, bem como as linhas de regressão de RR vs. TCAV (RR-TCAV). A condução AV concordante foi definida como o slope RR-AVCT positivo e, caso contrário, discordante. Um modelo de regressão linear multivariada foi desenvolvido para explicar o MET com base nos parâmetros de variabilidade do TCAV e intervalo RR. Nível de significância: 5%.

Resultados: Nos atletas, os valores de M-RR e DP-RR foram maiores que nos controles, enquanto M-TCAV e DP-TCAV não foram. Os slopes RR-TCAV foram, respectivamente, 0,038 ± 0,022 e 0,0034 ± 0,017 (p < 0,05). Utilizando um valor de corte de 0,0044 (AUC 0,92 ± 0,07; p < 0,001), o slope RR-TCAV mostrou 100% de especificidade e 80% de sensibilidade. Em um modelo multivariado, o slope DP-RR e RR-TCAV foram variáveis explicativas independentes do MET (razão F: 17,2; p < 0,001), apresentando especificidade de 100% e sensibilidade de 90% (AUC: 0,99 ± 0,02; p < 0,001).

Conclusão: Em corredores de elite, o acoplamento dinâmico de TCAV para intervalo RR apresenta condução AV discordante espontânea, caracterizada por slope na linha de regressão TCAV negativa vs. intervalo RR. O desvio padrão dos intervalos RR e o slope da linha de regressão do TCAV vs. intervalo RR são variáveis explicativas independentes do MET. (Arq Bras Cardiol. 2020; 115(1):71-77)

Palavras-chave: Atletas; Adultos; Treinamento de Resistência; Aptidão Física; Remodelação Ventricular; Sedentarismo; Eletrocardiografia/métodos; Ventrículos do Coração; Função Ventricular.