Volume 110, Nº 5, Maio 2018
DOI: http://www.dx.doi.org/10.5935/abc.20180063
ARTIGO ORIGINAL
Placa Aterosclerótica à Angiotomografia de Coronárias em Pacientes com Escore de Cálcio Zero
Fabíola Santos Gabriel
Luiz Flávio Galvão Gonçalves
Enaldo Vieira de Melo
Antônio Carlos Sobral Sousa
Ibraim Masciarelli Francisco Pinto
Sara Melo Macedo Santana
Carlos José Oliveira de Matos
Maria Júlia Silveira Souto
Flávio Mateus do Sacramento Conceição
Joselina Luzia Menezes Oliveira
Dr. Luiz Flávio Galvão Gonçalves
Figura 1 – Placa não calcificada com escore de cálcio zero. Sexo feminino 38 anos; A e B) reconstruções multiplanares evidenciando placa com redução luminal importante em descendente anterior (DA); C) Reconstrução tridimensional mostrando falha em artéria DA (seta amarela).
Resumo
Fundamento: Diante da alta mortalidade por doenças cardiovasculares, faz-se necessária a estratificação dos principais fatores de riscos e escolha correta da modalidade diagnóstica. Estudos demonstraram que escore de cálcio (EC) zero caracteriza baixo risco de eventos cardiovasculares. No entanto, a frequência de portadores de placa aterosclerótica coronária com EC zero é conflitante na literatura especializada.
Objetivo: Avaliar a frequência de pacientes com placa aterosclerótica coronária, seu grau de obstrução e fatores associados em pacientes com EC zero e indicação para angiotomografia computadorizada de coronárias (ATCC).
Métodos: Trata-se de estudo transversal, prospectivo, com 367 voluntários portadores de EC zero, mediante a ATCC, no período de 2011-16, em quatro centros de diagnóstico por imagem. Foi assumido nível de significância 5% e intervalo de confiança de 95%.
Resultados: A frequência de placa aterosclerótica nas artérias coronárias dos 367 pacientes com EC zero foi de 9,3% (34 indivíduos); neste subgrupo, a média de idade foi 52 ± 10 anos, 18 (52,9%) eram mulheres e 16 (47%) exibiam obstruções coronarianas significativas (> 50%), dos quais 4 (25%) apresentaram placas em pelo menos dois segmentos. A frequência de não obesos (90,6% vs. 73,9%; p = 0,037) e de etilistas (55,9% vs. 34,8%; p = 0,015) foi significativamente maior nos portadores de placa, apresentando, cada variável, odds ratio de 3,4 para o desenvolvimento das referidas placas.
Conclusões: A frequência de placa aterosclerótica com EC zero foi considerável, evidenciando, portanto, que a ausência de calcificação não exclui placa, muitas das quais obstrutivas, principalmente nos não obesos e etilistas. (Arq Bras Cardiol. 2018; 110(5):420-427)
Palavras-chave: Doenças Cardiovasculares/mortalidade; Placa Aterosclerótica; Doença da Artéria Coronariana/ diagnóstico; Sinalização do Cálcio; Angiotomografia das Coronárias; Fatores de Risco.