Volume 110, Nº 6, Junho 2018
DOI: http://www.dx.doi.org/10.5935/abc.20180098
ARTIGO ORIGINAL
Epidemiologia das Doenças Cardiovasculares em Países de Língua Portuguesa: Dados do “Global Burden of Disease”, 1990 a 2016
Bruno Ramos Nascimento
Luisa Campos Caldeira Brant
Gláucia Maria Moraes de Oliveira
Marcus Vinícius Bolívar Malachias
Gabriel Moreira Alves Reis
Renato Azeredo Teixeira
Deborah Carvalho Malta
Elisabeth França
Maria de Fátima Marinho Souza
Gregory A. Roth
Antonio Luiz P. Ribeiro
Figura 7 – Influência dos fatores de risco nos anos de vida perdidos (YLLs) devido às doenças cardiovasculares estratificada por sexo, em cada país de língua portuguesa, em 2016.
Resumo
Fundamento: Os países de língua portuguesa (PLP) partilham a influência da cultura portuguesa com desenvolvimento socioeconômico diverso de Portugal.
Objetivo: Descrever as tendências de morbidade e mortalidade por doenças cardiovasculares (DCV) nos PLP, entre 1990 e 2016, estratificadas por sexo, e sua associação com os respectivos índices sociodemográficos (SDI).
Métodos: O estudo utilizou dados e metodologia do Global Burden of Disease (GBD) 2016. As informações seguiram padrões internacionais de certificação de óbito, através de sistemas de informação sobre estatísticas vitais e vigilância da mortalidade, pesquisas e registros hospitalares. Empregaram-se técnicas para padronização das causas de morte pelo método direto, e correções para sub-registro dos óbitos e garbage codes. Para determinar o número de mortes por cada causa, aplicou-se o algoritmo CODEm (Modelagem Agrupada de Causas de Morte). Estimaram-se os anos saudáveis de vida perdidos (DALYs) e o SDI (renda per capita, nível de escolaridade e taxa de fertilidade total) para cada país.
Resultados: Existem grandes diferenças na importância relativa da carga de DCV nos PLP relacionadas principalmente às condições socioeconômicas. Entre as DCV, a doença isquêmica do coração foi a principal causa de morte nos PLP em 2016, com exceção de Moçambique e São Tomé e Príncipe, onde as doenças cerebrovasculares a suplantaram. Os fatores de risco atribuíveis mais relevantes para as DCV entre os PLP foram a hipertensão arterial e os fatores dietéticos. Um valor de p < 0,05 foi considerado significativo.
Conclusão: A colaboração entre os PLP poderá permitir que experiências exitosas no combate às DCV sejam compartilhadas entre esses países. (Arq Bras Cardiol. 2018; 110(6):500-511)
Palavras-chave: Doenças Cardiovasculares; Epidemiologia; Mortalidade; Carga Global da Doença / tendências.