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Volume 114, Nº 3, Março 2020

   

DOI: https://doi.org/10.36660/abc.20180076

ARTIGO ORIGINAL

Terapia de Anticoagulação em Pacientes com Fibrilação Atrial não Valvar em Ambiente de Cuidado de Saúde Privado no Brasil: Um Estudo de Mundo Real

Pedro Gabriel Melo de Barros e Silva

Henry Sznejder

Rafael Vasconcellos

Georgette M. Charles

Hugo Tannus F. Mendonca-Filho

Jack Mardekian

Rodrigo Nascimento

Stephen Dukacz

Manuela Di Fusco



Figura 3 – Taxa de sangramento por quartil de TTR.





Resumo

Fundamento: A segurança e a eficácia da varfarina dependem da qualidade do controle da anticoagulação. Estudos observacionais associam controle deficiente com aumento de morbidade, mortalidade e custos com saúde.

Objetivos: Desenvolver um perfil de pacientes com fibrilação atrial não valvar (FANV) tratados com varfarina em ambiente ambulatorial e hospitalar privado brasileiro, avaliar a qualidade do controle da anticoagulação e sua associação com resultados clínicos e econômicos.

Métodos: Este estudo retrospectivo, por meio de um conjunto de dados de seguros privados de saúde no Brasil, identificou pacientes com FANV tratados com varfarina entre 01 de maio de 2014 a 30 de abril de 2016, descreveu seu manejo da anticoagulação e quantificou os custos relacionados à doença. Foram recuperados dados demográficos, histórico clínico, medicação concomitante e tempo na faixa terapêutica (TTR) dos valores da razão normalizada internacional (RNI). Os pacientes foram agrupados em quartis de TTR, com um bom controle sendo definido como TTR ≥65% (método de Rosendaal). Sangramentos maiores e custos médicos diretos por todas as causas foram calculados e comparados entre subgrupos de controle bons e ruins. Valores de p < 0,05 foram considerados estatisticamente significantes.

Resultados: A análise incluiu 1220 pacientes (mediana de seguimento: 1,5 anos; IIQ: 0,5–2,0). Em média, cada paciente recebeu 0,95 medidas mensais de RNI (RNI média: 2,60 ± 0,88, com 26,1% dos valores < 2 e 24,8% > 3), (mediana de TTR: 58%; IIQ: 47-68%), (TTR médio: 56,6% ± 18,9%). Apenas 31% dos pacientes estavam bem controlados (TTR médio: 78% ± 10%), com 1,6% apresentando grandes sangramentos na mediana do seguimento e custos médicos diretos por membro por ano (PMPY) de R$25.352 (± R$37.762). Pacientes com controle abaixo do ideal (69%) foram associados a 3,3 vezes mais sangramentos graves (5,3% vs. 1,6%; p <0,01) e custos 40% maiores (R$35.384 vs. R$25.352; p < 0,01).

Conclusões: Mais de 60% dos pacientes estavam abaixo da meta desejada e os custos associados foram significativamente maiores nesta população. (Arq Bras Cardiol. 2020; 114(3):457-466)

Palavras-chave: Varfarina/uso terapêutico; Anticoagulantes/uso terapêutico; Antcoagulantes/efeitos adversos; Fibrilação Atrial/complicações; Hospitais Privados/economia; Qualidade, Acesso e Avaliação de Assistência à Saúde.