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Volume 114, Nº 2, Fevereiro 2020

   

DOI: http://www.dx.doi.org/10.5935/abc.10.5935/abc.20190193

ARTIGO ORIGINAL

Encurtamento Longitudinal do Ventrículo Esquerdo por Cine-RMC para Avaliação da Função Diastólica em Pacientes com Doença Valvar Aórtica

Sergio Marrone Ribeiro

Clerio Francisco de Azevedo Filho

Roney Sampaio

Flávio Tarasoutchi

Max Grinberg

Roberto Kalil-Filho

Carlos Eduardo Rochitte



Figura 1 – Deslocamento longitudinal da junção atrioventricular (JAV). O mesmo corte quatro câmaras é apresentado em três fases cardíacas diferentes durante o movimento rápido da JAV: A e B, C e D, E e F. Na coluna da esquerda, a cabeça da seta representa a referência usada por Saba et al.,9 e a seta estreita indica a referência anatômica usada no presente estudo. Observe que, quando o movimento cardíaco é mais rápido (seta pequena em C e D), nós não conseguimos identificar com exatidão o local da inserção da valva mitral; apesar disso, o seio coronário adjacente é bem definido. Na coluna da direita, apresentamos as linhas usadas para as medidas longitudinais do ventrículo esquerdo no presente estudo (linha fina) e usadas no estudo de Saba et al.,9 (linha grossa).





Resumo

Fundamentos: A disfunção diastólica, comumente avaliada por ecocardiografia, é um importante achado precoce na maioria das cardiomiopatias. A ressonância magnética cardíaca (RMC) frequentemente requer sequências específicas que prolongam o tempo de exame. Recentemente, métodos de imagens com monitoramento de dados (feature-tracking) foram desenvolvidos, mas ainda requerem softwares caros e carecem de validação clínica.

Objetivos: Avaliar a função diastólica em pacientes com doença valvar aórtica (DVA) e compará-la a controles normais pela medida do deslocamento longitudinal do ventrículo esquerdo (VE) por RMC. Métodos: Nós comparamos 26 pacientes com DVA com 19 controles normais. A função diastólica foi avaliada como uma medida do deslocamento longitudinal do VE nas imagens de cine-RMC no plano quatro câmaras usando a sequência steady state free precession (SSFP) durante todo o ciclo cardíaco com resolução temporal < 50 ms. O gráfico resultante da posição da junção atrioventricular versus tempo gerou variáveis de movimento da junção atrioventricular. Utilizamos nível de significância de p < 0,005.

Resultados: Deslocamento longitudinal máximo (0,12 vs. 0,17 cm), velocidade máxima em início de diástole (0,6 vs. 1,4s-1), velocidade máxima na diástase (0,22 vs. 0,03s-1) e a razão entre a velocidade máxima na diástase e a velocidade máxima em diástole inicial (0,35 vs. 0,02) foram significativamente menores nos pacientes com DVA em comparação aos controles normais, respectivamente. Pacientes com insuficiência aórtica apresentaram medidas de encurtamento longitudinal do VE significativamente piores em comparação aqueles com estenose aórtica. O aumento da massa ventricular esquerda indicou pior disfunção diastólica.

Conclusões: Esta simples medida linear detectou diferenças significativas na função diastólica do VE entre pacientes com DVA e controles normais. A massa ventricular esquerda foi o único preditor independente de disfunção diastólica nesses pacientes. Este método pode auxiliar na avaliação da disfunção diastólica, melhorando a detecção de cardiomiopatias por RMC sem prolongar o tempo de exame ou depender de caros softwares. (Arq Bras Cardiol. 2020; 114(2):284-292)

Palavras-chave: Doenças Cardiovasculares/mortalidade; Cardiomiopatia Hipertrófica/complicações; Diagnóstico por Imagem; Ecocardiografia; Espectroscopia por Ressonância Magnética; Insuficiência Cardíaca; Insuficiência da Valva Aórtica.