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Volume 112, Nº 3, Março 2019

   

DOI: http://www.dx.doi.org/10.5935/abc.20190007

ARTIGO ORIGINAL

Avaliação Cardíaca na Fase Aguda da Doença de Chagas com Evolução Pós-Tratamento em Pacientes Atendidos no Estado do Amazonas, Brasil

Jessica Vanina Ortiz

Bruna Valessa Moutinho Pereira

Katia do Nascimento Couceiro

Monica Regina Hosannah da Silva e Silva

Susan Smith Doria

Paula Rita Leite da Silva

Edson da Fonseca de Lira

Maria das Graças Vale Barbosa Guerra

Jorge Augusto de Oliveira Guerra

João Marcos Bemfica Barbosa Ferreira



Figura 1 – Distribuição geográfica dos casos agudos de doença de Chagas avaliados no estado do Amazonas. Em parênteses, o número de pacientes de cada município.





Resumo

Fundamento: Nas últimas duas décadas, um novo perfil epidemiológico da Doença de Chagas (DC) foi registrado na Amazônia brasileira, onde a transmissão oral foi indicada como responsável pelo aumento dos casos agudos. No estado do Amazonas, foram registrados cinco surtos da doença desde 2004. As manifestações cardíacas nesses casos podem ser caracterizadas por miocardite difusa, com alteração nos resultados eletrocardiograma (ECG) e ecocardiografia transtorácica (ETT).

Objetivo: avaliar parâmetros cardíacos em pacientes autóctones com DC na fase aguda e em um ano ou mais após tratamento, e avaliar as variáveis demográficas associadas com a presença de alterações cardíacas. Métodos: Avaliamos os pacientes diagnosticados com DC aguda por método direto parasitológico e exame sorológico (IgM) entre 2007 e 2015. Os pacientes foram tratados com benzonidazol e submetidos à ECG e ETT antes e após tratamento. Assumimos um intervalo de confiança de 95% (p < 0,05) para todas as variáveis analisadas.

Resultados: Observamos 63 casos de DC aguda em que a transmissão oral ocorreu em 75% dos casos. Alterações cardíacas foram encontradas em 33% dos casos, com maior frequência de repolarização ventricular (13%), seguida de derrame pericárdico (10%), e bloqueio do ramo direito e bloqueio fascicular anterior esquerdo (2%). O acompanhamento foi realizado com 48 pacientes com ECG e 25 com ETT por um período médio de 15,5±4,1 meses após o tratamento. Desses pacientes, observou-se normalização das alterações eletrocardiográficas em 8% dos pacientes, e 62,5% continuaram com os parâmetros normais. Todos os pacientes apresentaram resultados da ETT normais no período pós-tratamento. Quanto às variáveis demográficas, os casos isolados apresentaram mais alterações cardíacas em comparação aos casos de surtos (p=0,044) e os casos identificados na mesorregião do Amazonas Central (p = 0,020).

Conclusões: Apesar de as alterações cardíacas não terem sido frequentes na maioria da população do estudo, é necessária uma avaliação contínua da dinâmica clínica-epidemiológica da doença na região para se estabelecer medidas preventivas. (Arq Bras Cardiol. 2019; 112(3):240-246)

Palavras-chave: Doença de Chagas/epidemiologia; Ecosistema Amazônico; Trypanosoma cruzi; Cardiomiopatia Chagásica/fisiopatologia.