Português | Inglês





Pressione Enter para iniciar a Busca.





Volume 115, Nº 2, Agosto 2020

   

DOI: https://doi.org/10.36660/abc.20190161

ARTIGO ORIGINAL

Discordância entre Diretrizes Internacionais sobre Critérios de Prevenção Primária de Morte Súbita na Cardiomiopatia Hipertrófica

Beatriz Piva e Mattos

Fernando Luís Scolari

Henrique Iahnke Garbin



Figura 1 – Discordância entre diretrizes ACCF/AHA 2011 e ESC 2014 sobre critérios de prevenção primária de morte súbita na cardiomiopatia hipertrófica CMH: cardiomiopatia hipertrófica, CDI = cardiodesfibrilador implantável, ACCF= American College of Cardiology Foundation, AHA = American Heart Association, ESC = European Society of Cardiology, VE=ventrículo esquerdo, TVNS, taquicardia ventricular não-sustentada, PA=pressão arterial. ¹Fator modificador: 1. Obstrução da via de saída do VE ≥30 mmHg; 2. Realce tardio com gadolíneo à ressonância magnética cardíaca; 3. Aneurisma apical do VE; 4. Mutação genética maligna.





Resumo

Fundamento: A estratificação de risco para morte súbita (MS) na cardiomiopatia hipertrófica (CMH) baseia-se em algoritmos distintos propostos pela diretriz norte-americana, ACCF/AHA 2011 e europeia, ESC 2014.

Objetivo: Analisar o modelo ESC 2014 na determinação do risco de MS e indicação de cardiodesfibrilador implantável (CDI) em prevenção primária na CMH por meio de confrontação com a normativa norte-americana. Métodos: Foi avaliada uma coorte de pacientes com CMH, calculado o escore ESC HCM-Risk-SCD e analisada a concordância dos critérios de indicação de CDI entre as duas diretrizes pelo coeficiente de Kappa. O nível de significância adotado nas análises estatísticas foi de 5%.

Resultados: Em 90 pacientes consecutivos, seguidos por 6±3 anos, o escore calculado foi de 3,2±2,5%. Os preditores que mais contribuíram para o cálculo nas faixas de baixo (1,88% [1,42-2,67]), médio (5,17% [4,89-5,70]) e alto risco (7,82% [7,06-9,19]) foram espessura parietal máxima do ventrículo esquerdo (1,60% [1,25-2,02]; 3,20% [3,18-3,36]; 4,46% [4,07-5,09]), diâmetro do átrio esquerdo (0,97% [0,83-1,21]; 1,86% [1,67-2,40]; 2,48% [2,21-3,51]) e idade (-0,91% [0,8-1,13]; -1,90% [1,12-2,03]; -2,34% [1,49-2,73]). O modelo europeu reduziu as recomendações de CDI em 32 (36%) pacientes. Entre os 43 (48%) em classe IIa pela ACCF/AHA, 8 (18%) migraram para IIb e 24 (56%) para III. Baixa concordância foi identificada entre as duas sistematizações, Kappa = 0,355, p = 0,0001. Dos 8 (9%) pacientes com MS ou choque apropriado, 4 (50%) atingiram indicação IIa pela ACCF/AHA, mas nenhum pela ESC.

Conclusão: Baixa concordância foi identificada entre as diretrizes analisadas. O novo modelo reduziu as indicações de CDI, notadamente em classe IIa, mas deixou desprotegida a totalidade de pacientes com MS ou choque apropriado. (Arq Bras Cardiol. 2020; 115(2):198-205)

Palavras-chave: Cardiomiopatia Hipertrófica/genética; Hereditariedade; Morte Súbita Cardíaca; Arritmias Cardíacas; Síncope; Desfibriladores Implantáveis; Choque; Estudos de Coortes.