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Volume 113, Nº 6, Dezembro 2019

   

DOI: https://doi.org/10.36660/abc.20180356

ARTIGO ORIGINAL

Impacto do Implante Percutâneo de Válvula Aórtica na Função Renal

Rita Calça

Rui C. Teles

Patrícia Branco

Augusta Gaspar

João Brito

Tiago Nolasco

Manuel D. Almeida

José P. Neves

Miguel Mendes

Domingos S. Machado

André Weigert





Resumo

Fundamento: Pacientes com doença valvar aórtica frequentemente apresentam doença renal crônica (DRC). Diminuição da perfusão renal como consequência da redução do débito cardíaco pode contribuir para a disfunção renal neste cenário.

Objetivo: Dado o potencial de reversibilidade da hipoperfusão renal após o reparo valvar, este estudo teve o objetivo de analisar o impacto do implante percutâneo de válvula aórtica (TAVI – transcatheter aortic valve implantation) na função renal.

Métodos: Foi realizada uma análise retrospectiva de 233 pacientes consecutivos submetidos ao TAVI em um único centro, entre novembro de 2008 e maio de 2016. Três grupos foram avaliados de acordo com a taxa de filtração glomerular estimada (TFGe) basal (mL/min/1,73 m2): Grupo 1 com TFGe ≥ 60; Grupo 2 com 30 ≤ TFGe < 60; e Grupo 3 com TFGe < 30. O TFGe foi analisado nestes três grupos um mês e um ano após o TAVI e calculado usando a fórmula do Chronic Kidney Disease Epidemiology Collaboration (CKD-EPI).

Resultados: Os pacientes do Grupo 1 tiveram um declínio progressivo da TFGe um ano após o procedimento TAVI (p < 0,001 vs. pré-TAVI). Nos pacientes do Grupo 2, a média da TFGe aumentou um mês depois do TAVI e continuou crescendo depois de um ano (p = 0,001 vs. pré-TAVI). O mesmo ocorreu no Grupo 3, com a média da TFGe subindo de 24,4 ± 5,1 mL/min/1,73 m2 antes do TAVI para 38,4 ± 18,8 mL/min/1,73 m2 um ano após o TAVI (p = 0,012).

Conclusões: Em pacientes com DRC moderada a grave, a função renal melhorou um ano após o procedimento TAVI. Este resultado é provavelmente devido à melhora da perfusão renal pós-procedimento. Acredita-se que, ao avaliar pacientes que possam precisar de TAVI, este ‘efeito de reversibilidade da DRC’ deva ser considerado. (Arq Bras Cardiol. 2019;113(6):1104-1111)

Palavras-chave: Estenose da Valva Aórtica/complicações; Insuficiência Renal Crônica; Substituição da Valva Aórtica Transcateter; Calcinose; Diálise Renal; Diabetes Mellitus; Cardiomiopatias; Hipertensão.