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Volume 113, Nº 3, Setembro 2019

   

DOI: http://www.dx.doi.org/10.5935/abc.20190141

ARTIGO ORIGINAL

Febre Reumática: Uma Doença sem Cor

Estevão Tavares de Figueiredo

Luciana Azevedo

Marcelo Lacerda Rezende

Cristina Garcia Lopes Alves

Dr. Estevão Tavares de Figueiredo







Figura 1 – Tendências de crescimento e valor previsto para as taxas de mortalidade por febre reumática aguda (FRA) e doença reumática cardíaca (DRC). A equação modelo para a tendência da taxa de mortalidade por FRA (A) foi FRAMT = –237,79 + 0,12* Ano, enquanto para a tendência da taxa de mortalidade por DRC (C) a equação foi DRCMT = –286,11 + 0,15* Ano. Deve-se notar que todas as tendências foram significativas (p-valor < 0,050), demonstrando a tendência crescente da série ao longo do tempo.





Resumo

Fundamento: O Brasil tem aproximadamente 30.000 casos de febre reumática aguda (FRA) por ano. Um terço das cirurgias cardiovasculares realizadas no país se deve às sequelas da doença reumática cardíaca (DRC), a qual é um importante problema de saúde pública.

Objetivos: Analisar as séries históricas de taxas de mortalidade e custos das doenças, projetando tendências futuras para oferecer novos dados que possam justificar a necessidade de implementação de um programa de saúde pública para FR.

Métodos: Foi realizado um estudo transversal com análise de séries temporais a partir de dados do Sistema de Informações Hospitalares do Brasil, de 1998 a 2016. Modelos de regressão linear simples e o método de suavização exponencial de Holt foram utilizados para modelar o comportamento das séries e fazer previsões. Os resultados dos testes com um valor de p <0,05 foram considerados estatisticamente significantes.

Resultados: A cada ano, o número de mortes por DRC aumentou em média 16,94 unidades, e a taxa de mortalidade por FRA aumentou em 215%. Houve um aumento de 264% nas despesas de hospitalização por DRC, e as taxas de mortalidade por DRC aumentaram 42,5% (p-valor < 0,05). As taxas de mortalidade estimadas para FRA e DRC foram, respectivamente, 2,68 e 8,53 para 2019. O custo estimado para a DRC em 2019 foi de US$ 26.715.897,70.

Conclusões: De acordo com a realidade brasileira, o gasto relativo a 1 ano de DRC seria suficiente para a profilaxia secundária (considerando uma dose de penicilina G benzatina a cada 3 semanas) em 22.574 pessoas por 10 anos. Este estudo corrobora a necessidade de políticas públicas de saúde direcionadas à DRC. (Arq Bras Cardiol. 2019;113(3):345-354)

Palavras-chave: Febre Reumática; Cardiopatia Reumática; Procedimentos Cirúrgicos Cardiovasculares/mortalidade; Hospitalização/economia; Antibioticoprofilaxia/economia; Políticas Públicas de Saúde.