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Volume 113, Nº 1, Julho 2019

   

DOI: http://www.dx.doi.org/10.5935/abc.20190112

ARTIGO ORIGINAL

Mutação do Gene GLA na Cardiomiopatia Hipertrófica com Descrição de Nova Variante: É Doença de Fabry?

Ândrea Virgínia Chaves-Markman

Manuel Markman

Eveline Barros Calado

Ricardo Flores Pires

Marcelo Antônio Oliveira Santos-Veloso

Catarina Maria Fonseca Pereira

Andréa Bezerra de Melo da Silveira Lordsleem

Sandro Gonçalves de Lima

Brivaldo Markman Filho

Dinaldo Cavalcanti de Oliveira



Figura 1 – Cromatograma da nova mutação do gene GLA: c.967C>A (p.Pro323Thr).





Resumo

Fundamento: A doença de Fabry (DF) é uma doença de armazenamento lisossômico ligada ao cromossomo X, devido a mutações no gene da alfa galactosidase A (GLA), levando a deficiência enzimática de alfa-galactosidase (α-Gal A) e acúmulo de globotriaosilceramida (Gb3) e globotriaosilsulfingosina (liso-Gb3), causando disfunção de múltiplos órgãos.

Objetivo: realizar a triagem do gene GLA em um grupo de pacientes com diagnóstico ecocardiográfico de cardiomiopatia hipertrófica (CMH).

Métodos: estudo transversal realizado com pacientes com CMH em um hospital universitário. Pacientes com doença arterial coronariana e valvopatias foram excluídos. Foi realizada análise de mutação do gene GLA. Em indivíduos do sexo masculino, a análise foi realizada após evidência de baixa atividade de α-Gal A.

Resultados: Foram incluídos 60 pacientes com diagnostico ecocardiográfico de CMH. A idade variou de 12 a 85 anos e 60% eram mulheres. O percentual médio de fibrose miocárdica na RM foi 10,7 ± 13,1% e a espessura ventricular média foi 18,7 ± 6,7 mm. Quatro pacientes tinham as seguintes mutações do GLA: c.967C>A (p.Pro323Thr), ainda não descrita na literatura; c.937G>T (p.Asp313Tyr); e c.352C>T (p.Arg118Cys). Todos os pacientes apresentavam níveis normais de liso-Gb3 e fibrose miocárdica não isquêmica na ressonância magnética; um paciente apresentou proteinúria; um paciente apresentou taquicardia ventricular.

Conclusão: Neste estudo, a frequência de mutação no gene GLA em pacientes com CMH foi 6,7%. Uma nova mutação no exon 6 do gene GLA, c.967C>A (p.Pro323Thr), foi identificada. Pacientes com CMH podem ter mutações do GLA e a DF deve ser excluída. Os níveis plasmáticos de (liso-Gb3) não parecem ser suficientes para fazer um diagnóstico e biópsia de órgãos deve ser considerada. (Arq Bras Cardiol. 2019; 113(1):77-84)

Palavras-chave: Doença de Fabry/genética; Cardiomiopatia Hipertrófica; Hipertrofia Ventricular Esquerda; Glicoesfingolipídeos.