Volume 112, Nº4, Abril 2019
DOI: http://www.dx.doi.org/10.5935/abc.0190028
ARTIGO ORIGINAL
Prevalência de Opacidades do Cristalino em Cardiologistas Intervencionistas e Profissionais Atuantes na Área de Hemodinâmica no Brasil
Adriano Henrique Pereira Barbosa
Regina Bitelli de Medeiros
Adriana Maria Rodrigues Corpa
Fabiana Shinzato Higa
Marco Túlio de Souza
Patrícia Lopes Barbosa
Antônio Carlos Moreira
Alexandre Shaan de Quadros
Viviana de Mello Guzzo Lemke
Marcelo José de Carvalho Cantarelli
Figura 2 – Catarata subcapsular em jovem cardiologista intervencionista.
Resumo
Fundamento: A catarata subcapsular posterior é uma reação tecidual encontrada com frequência nos profissionais expostos à radiação ionizante.
Objetivo: Avaliar a prevalência de catarata nos profissionais que atuam na área de hemodinâmica no Brasil.
Métodos: Profissionais expostos à radiação ionizante (grupo 1, G1) foram submetidos ao exame biomicroscópico com lâmpada de fenda para avaliação do cristalino, e comparados aos não expostos (grupo 2, G2). Os achados foram descritos e classificados quanto ao grau de opacidade e localização por meio do Lens opacities classification system III. Ambos os grupos responderam questionário sobre condições de trabalho e de saúde para afastar fatores de risco para catarata, e foram comparados quanto aos achados. Foi utilizado um nível de significância de 5% (p < 0,05).
Resultados: Foram avaliados 112 voluntários (G1) com média de idade 44,95 (±10,23) anos e 88 voluntários (G2) com média de 48,07 (±12,18) anos. Desses, 75,2% (G1) e 85,2% (G2) eram médicos. A análise estatística entre os grupos G1 e G2 mostrou uma prevalência da catarata no grupo G1 de 33% comparada ao G2 de 16% (p = 0,0058), sendo a catarata subcapsular posterior presente em 13% no G1 e 2% no G2 (p = 0,0081). Considerando apenas os médicos, 38% no G1 e 15% no G2 (p = 0,0011) apresentaram catarata, sendo a subcapsular posterior 13% e 3% (p = 0,0176), respectivamente. No grupo dos profissionais não médicos, não houve diferença estatisticamente significativa na prevalência dos achados oftalmológicos.
Conclusões: A catarata esteve mais presente no grupo de profissionais expostos à radiação ionizante, sendo que a catarata subcapsular posterior foi o dano tecidual mais encontrado. (Arq Bras Cardiol. 2019; 112(4):392-399)
Palavras-chave: Catarata/cirurgia; Radiação Ionizante; Cardiologistas; Hemodinâmica; Riscos Ocupacionais; Proteção Radiológica.