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Volume 111, Nº 5, Novembro 2018

   

DOI: http://www.dx.doi.org/10.5935/abc.20180166

ARTIGO ORIGINAL

Diferenças Prognósticas entre Homens e Mulheres com Síndrome Coronariana Aguda. Dados de um Registro Brasileiro

Alexandre de Matos Soeiro

Pedro Gabriel Melo de Barros e Silva

Eduardo Alberto de Castro Roque

Aline Siqueira Bossa

Bruno Biselli

Tatiana de Carvalho Andreucci Torres Leal

Maria Carolina Feres de Almeida Soeiro

Fábio Grunspun Pitta

Carlos V. Serrano Jr.

Múcio Tavares Oliveira Jr.

Dr. Alexandre de Matos Soeiro











Resumo

Fundamento: Existem diferenças relatadas entre pacientes com síndrome coronariana aguda, de acordo com o sexo. A descrição deste achado comparativo em registro brasileiro ainda não foi documentada.

Objetivo: Comparar pacientes do sexo masculino vs. feminino quanto a características basais, achados coronarianos, tratamento e prognóstico intra-hospitalar e em longo prazo.

Métodos: Trata-se de estudo retrospectivo, multicêntrico e observacional, no qual foram incluídos 3.745 pacientes (2.437 do sexo masculino e 1.308 do sexo feminino) entre maio de 2010 e maio de 2015. O desfecho primário intra hospitalar foi mortalidade por todas as causas. O desfecho secundário foi eventos combinados (choque cardiogênico, reinfarto, morte, acidente vascular cerebral e sangramento). A comparação entre grupos foi realizada por meio de qui-quadrado e teste t, sendo considerado significativo p < 0,05. Em longo prazo, foram avaliados a mortalidade e os eventos combinados pelo método Kaplan-Meier, com seguimento médio de 8,79 meses.

Resultados: A média de idade foi de 60,3 anos no sexo masculino e 64,6 no feminino (p < 0,0001). O fator de risco mais prevalente foi hipertensão arterial sistêmica em 72,9% das mulheres e 67,8% nos homens (p = 0,001). Intervenção coronária percutânea foi realizada em 44,9% no sexo masculino e 35,4% no feminino (p < 0,0001), e revascularização miocárdica cirúrgica em 17% no sexo masculino e 11,8% no feminino (p < 0,0001), com maior prevalência de padrão coronariano triarterial no sexo masculino (27,3% vs. 16,2%; p < 0,0001). Cerca de 79,9% dos pacientes do sexo feminino enquadraram-se no diagnóstico de síndrome coronariana aguda sem supradesnivelamento do segmento ST, enquanto no sexo masculino este número foi de 71,5% (p < 0,0001). Em curto e longo prazos não se observaram diferenças significativas entre os grupos, tanto em mortalidade quanto em eventos combinados.

Conclusão: Observaram-se múltiplas diferenças relacionadas ao sexo em pacientes com síndrome coronariana aguda no que se refere a características demográficas, padrão coronariano e tratamento adotado. No entanto, a evolução prognóstica foi semelhante entre os grupos. (Arq Bras Cardiol. 2018; 111(5):648-653)

Palavras-chave: Síndrome Coronariana Aguda/epidemiologia; Prognóstico; Identidade de Gênero; Estudo Multicêntrico; Mortalidade; Hipertensão; Intervenção Coronária Percutânea.