Volume 110, Nº 4, Abril 2018
DOI: http://www.dx.doi.org/10.5935/abc.20180062
ARTIGO ORIGINAL
Aplicabilidade do Strain Longitudinal do Ventrículo Esquerdo na Angina Instável
Natasha Soares Simões dos Santos
Andrea de Andrade Vilela
Rodrigo Bellio de Mattos Barretto
Marcela Paganelli do Vale
Mariana Oliveira Rezende
Murilo Castro Ferreira
Alexandre José Aguiar Andrade
Nelson Henrique Goes Scorsioni
Olívia Ximenes de Queiroga
David Le Bihan
Figura 3 – Caso de paciente com angina instável, artéria coronária descendente anterior com lesão de 90% no terço proximal e artéria coronária circunflexa com lesão de 70% no terço médio.
Resumo
Fundamento: A angina instável (AI) é uma causa comum de internação hospitalar, a estratificação de risco ajuda a determinar estratégias para o tratamento.
Objetivo: Determinar a aplicabilidade do strain longitudinal bidimensional (SL2D) para identificação de isquemia miocárdica, em pacientes com AI.
Métodos: Estudo observacional transversal, descritivo, com duração de 60 dias. A amostra foi composta por 78 pacientes, sendo quinze (19,2%) elegíveis para análise do strain longitudinal. O valor de p < 0.05 foi considerado significativo.
Resultados: O grupo dos não elegíveis apresentou: menor proporção de mulheres, maior prevalência de diabetes mellitus (DM), do uso de AAS, estatinas e betabloqueadores e maiores diâmetros cavitários. As principais causas da não aplicabilidade foram: presença de infarto prévio (56,4%), ATC prévia (22,1%), RM prévia (11,5%) ou ambos (16,7%) e presença de alterações eletrocardiográficas específicas (12,8%). A avaliação do SL2D revelou um valor de strain global inferior naqueles com estenose maior que 70% em alguma coronária epicárdica (17,1 [3,1] versus 20,2 [6,7], com p = 0,014). A avaliação do strain segmentar demonstrou associação entre lesão grave nas coronárias CX e CD com redução do strain longitudinal dos segmentos basais das paredes lateral e inferior; (14 [5] versus 21 [10], com p = 0,04) e (12,5 [6] versus 19 [8], com p = 0,026), respectivamente.
Conclusão: Houve aplicabilidade muito baixa do SL2D para avaliar isquemia na população estudada. Entretanto, o strain global apresentou correlação com presença de lesão coronária significativa, podendo, futuramente, ser incluído no arsenal diagnóstico da AI. (Arq Bras Cardiol. 2018; 110(4):354-361)
Palavras-chave: Angina Instável / fisiopatologia; Disfunção do Ventrículo Esquerdo; Isquemia Miocárdica / fisiopatologia; Strain; Ecocardiografia / métodos.