LIVRO 70 ANOS SBC - page 98

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“Foram 60 anos entre o início da Reanimação Cardiopulmonar no
Brasil e o advento do
Programa TECA
”, lembra Sergio Timerman, que
aponta o médico anglo-brasileiro, John Cook Lane, como o pioneiro
nesse campo.
A entidade assumiu a li derança da campanha pela Ressuscitação
Cardiopulmonar  a partir de 1986 quando, no Congresso Brasileiro
de Cardiologia em Belo Horizonte, foi criada a primeira Comissão
Nacional de Reanimação e Emergências Cardíacas, que tinha John
Lane como presidente e como vice Ari Timerman, que dez anos an-
tes começara a trabalhar para que o Brasil tivesse acesso às
Diretri-
zes
da American Heart Association sobre ressuscitação, trabalho no
qual teve todo o apoio dos professores Adib Jatene e Josef Feher.
A Comissão, responsável pela difusão do ‘evangelho’ da Reani-
mação Cardiopulmonar, contava com representantes não só de São
Paulo, como do Pará, Rio Grande do Sul e de vários outros Estados e
incluiu nomes como Protásio Lemos da Luz, Aloysio Achutti, Armê-
nio Guimarães, Fernando Luchese, Luiz Carlos Dorneles e Murilo Bit-
tencourt e sua preocupação inicial, conta Ari Timerman, foi preparar
instrutores para difundir o conhecimento da reanimação.
Coube ao cardiologista Sergio Timerman, do Comitê de Emergências
Cardiovasculares, introduzir de forma definitiva o programa do Ameri-
can Heart Association (AHA), o Suporte Avançado de Vida em Cardio-
logia (ACLS) e o Suporte Básico de Vida (BLS) e reintroduzir o PALS a
nível nacional. Como os norte-americanos desenvolveram o ACLS para
aprimorar o tratamento das Emergências Cardiovasculares, Sergio Ti-
merman iniciou contatos, em 1996, para trazer o sistema para o Brasil.
Os contatos resultaram no envio de 18 médicos e enfermeiras brasilei-
ros para o Medical Training and Si-
mulation Laboratory da Universida-
de de Miami, onde fizeram o curso
e também se capacitaram como os
primeiros instrutores.
Foram os instrutores Carlos Ser-
rano Jr., Sergio Timerman, Daniel
Born, entre outros, que promove-
ram em setembro de 1996, ainda no
Hospital Albert Einstein, o primeiro
curso de instrutores de ACLS reali-
OS PRIMÓRDIOS
zado no Brasil. O curso formou 20 instrutores, o segundo mais 26, en-
tre médicos e enfermeiros, e em 1997 um novo curso incluiu entre os
instrutores formados baianos e cariocas. Em seguida foram realizados
os primeiros cursos fora de São Paulo, no Rio e em Belo Horizonte. O
ACLS começou então a se disseminar pelo país.
Paralelamente a SBC assumiu a liderança da campanha nacional
pela obrigatoriedade da existência de desfibriladores em locais de
concentração de público.
A campanha foi bem sucedida, as empresas aéreas que com cer-
ta frequência registram problemas cardíacos a bordo treinaram seus
comissários, passaram a incluir o desfibrilador nos voos de longa
distância. Na cidade de São Paulo uma lei promulgada em 2008 tor-
nou obrigatório o desfibrilador em eventos esportivos, aeroportos,
ambulâncias e estações ferroviárias, e shopping centers. Em 2009
Santa Catarina aprovou lei semelhante, e o Distrito Federal, o Paraná
e mesmo municípios, como Campinas e Piracicaba adotaram o mes-
mo critério. Atualmente no Senado Federal tramita uma lei que pode
tornar obrigatória a disponibilidade do desfibrilador a nível nacional.
A SBC passou a oferecer cursos de Reanimação Cardiopulmonar
em seus congressos, e instalou centros avançados de treinamentos
nas sedes de São Paulo e do Rio de Janeiro.
A grande realização da SBC foi a criação, por Manoel Canesin e Sérgio
Timerman, do TECA A e o TECA B, os primeiros programas de reanima-
ção cardiopulmonar desenvolvidos no Brasil e levando emconta as pecu-
liaridades nacionais e o tipo de formação do médico no Continente, que
difere da formação do especialista norte-americano. O programa teve
tanto sucesso, que a Sociedade Portuguesa de Cardiologia e a Socie-
dade Argentina de Cardiologia estão inte-
ressadas em adotá-lo. Atualmente os cur-
sos TECA A e TECA B são oferecidos aos
profissionais de Saúde Pública através do
Ministério da Saúde, e das Secretarias Es-
taduais e Municipais de Saúde. Com o au-
mento expressivo da demanda para estes
cursos a Sociedade amplia os cursos de
capacitação de instrutores para enfrentar
o desafio de difundir as técnicas de Res-
suscitação Cardiopulmonar no país.
Sergio Timerman e Manoel Canesin (à direita), do Comitê de Atendimento de Emergência e Morte Súbita.
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