Volume 31, Nº 3, Maio e Junho 2018
DOI: http://www.dx.doi.org/10.5935/2359-4802.20180019
ARTIGO ORIGINAL
Consumo Leve a Moderado de Álcool e Isquemia Miocárdica à Ecocardiografia sob Estresse Físico
Vítor Joaquim Barreto Fontes
Maria Júlia Silveira Souto
Antônio Carlos Sobral Sousa
Enaldo Vieira de Melo
Flávio Mateus do Sacramento Conceição
Caio José Coutinho Leal Telino
Mirella Sobral Silveira
Jéssica Aparecida de Santana Dória
Carlos José Oliveira de Matos
Joselina Luzia Menezes Oliveira
Resumo
Fundamento: O impacto do consumo de álcool na evolução da isquemia miocárdica permanece incerto. Os estudos divergem quanto a um eventual efeito cardioprotetor ou a um fator de risco cardiovascular desse consumo de maneira leve a moderada.
Objetivo: Estudar a relação do consumo leve a moderado de álcool com a isquemia miocárdica à ecocardiografia sob estresse físico (EEF).
Métodos: Estudo transversal composto por 6632 pacientes submetidos à EEF, de janeiro de 2000 a dezembro de 2015. Dividiram-se dois grupos: G1 - composto por 2130 (32,1%) pacientes com relato de consumo médio igual ou inferior a 1 dose de bebida alcoólica por dia para mulheres ou de 2 doses para homens; e G2 - formado por 4502 (67,9%) indivíduos que negaram consumo de álcool. A comparação entre os grupos foi feita mediante teste t de Student para variáveis quantitativas, e teste qui-quadrado ou teste de Fisher para as variáveis categóricas. Foram considerados significativos os valores de p < 0,05. Realizou-se, também, regressão logística para identificação de fatores de risco independentes para isquemia miocárdica.
Resultados: G1 apresentou maior frequência de indivíduos do sexo masculino (77,1%; p < 0,001), menor idade média (54,8 ± 10,3 anos; p < 0,001) e maior frequência de isquemia miocárdica à EEF (p = 0,014). Idade, sexo masculino, dislipidemia, hipertensão arterial sistêmica, diabete melito, tabagismo e história familiar positiva apresentaram-se independentemente associados à presença de isquemia miocárdica à EEF. Não foi observada associação independente entre etilismo leve a moderado e isquemia miocárdica (OR 0,96; IC 95%: 0,83-1,11). No entanto, observou-se associação entre idade, sexo masculino, tabagismo e dislipidemia com o consumo de álcool.
Conclusão: Etilismo leve a moderado não se apresentou como preditor independente de presença de isquemia miocárdica à EEF. Observou-se, no grupo dos etilistas, um predomínio de homens, dislipidêmicos e tabagistas, importantes variáveis preditoras de isquemia miocárdica. (Int J Cardiovasc Sci. 2018;31(3)235-243)
Palavras-chave: Bebidas Alcoólicas, Consumo de Álcool, Fatores de Risco, Doença da Artéria Coronariana, Ecocardiografia sob Estresse.