LIVRO 70 ANOS SBC - page 15

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A eclosão da Segunda Guerra Mundial levou o Brasil a perder
repentinamente o contato com a Europa, onde a Medicina brasi-
leira se pautava e de onde advinha grande parte da literatura cien-
tífica que propiciava o aperfeiçoamento médico à época, através
das publicações lideradas por Inglaterra, França e Alemanha.
A transformação deste panorama voltou o interesse para a ati-
vidade científica produzida nos Estados Unidos, através da con-
cessão de bolsas de estudos para jovens médicos em busca de
aperfeiçoamento científico e aí estão as raízes da fundação da
Sociedade Brasileira de Cardiologia.
Mineiro de Barão de Monte Alto, onde nasceu a 31 de dezem-
bro de 1900, Dante Pazzanese formou-se aos 24 anos pela Facul-
dade de Medicina do Rio de Janeiro. Sua tese de doutorado foi ‘A
Anisocoria’ e começou a clinicar em Itapira, no interior do Estado
de São Paulo. Em 1928 se transferiu para São Paulo e passou a
trabalhar como assistente voluntário na Faculdade de Medicina
de São Paulo, no Serviço do professor Ovídio Pires de Campos.
Um ano depois o jovem médico é encarregado de organizar
o gabinete de Eletrocardiografia, e em 1930 ministra o Curso de
Eletrocardiografia de São Paulo que, provavelmente, foi o primei-
ro a realizar-se no Brasil.
Quando o prefeito de São Paulo, Fabio Prado, cria em 1937,
num prédio da Prefeitura, situado na Rua Santa Madalena, 220, o
Hospital Municipal de São Paulo, Dante Pazzanese, recém-casado
com dona Anita, é escolhido para montar o Serviço de Cardiologia
de São Paulo, para o que conta com a ajuda do irmão radiologista,
Olavo Pazzanese, Leovigildo Mendonça de Barros, Sylvio Bertac-
chi, Breno Silva, dentre outros.
O serviço é exemplar, com equipamento de ponta em Eletrocar-
diografia, Fonocardiografia e incluía Abreugrafia e Quimografia. A
estrutura do serviço é utilizada para a realização do primeiro Curso
de Cardiologia, atraindo médicos de todos os Estados do país.
Ao relembrar o mês inteiro de aulas de manhã e a tarde, o
professor Rubens Maciel escreveu que “o trato era informal e o
convívio com os colegas, malgrado os desníveis de preparação
prévia, gerou os vínculos nos quais se alicerçaria a futura socie-
dade, da qual não se cogitava ainda naquela época”.
Durante o ano de 1939, Dante Pazzanese viaja aos Estados
Unidos para um estágio na Universidade de Michigan, onde se
aproxima do fundador da Heart Station, Frank Wilson, que pelo
vínculo da amizade que se formou, aceita o convite para vir minis-
trar um curso no Serviço de Cardiologia de São Paulo, que atrai
professores do Rio e São Paulo: Jairo Ramos, Barbosa Correia,
Magalhães Gomes, Antonio Vilella e Celestino Bourroul, dentre
muitos outros.
DANTE PAZZANESE,
FUNDADOR DA SOCIEDADE
BRASILEIRA DE CARDIOLOGIA
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