ABC | Volume 114, Nº1, Janeiro 2020

Posicionamento Posicionamento da Sociedade Brasileira de Cardiologia e da Sociedade Brasileira de Hemodinâmica e Cardiologia Intervencionista sobre Centro de Treinamento e Certificação Profissional em Hemodinâmica e Cardiologia Intervencionista – 2020 Arq Bras Cardiol. 2020; 114(1):137-193 de Certificação (CPC) da SBHCI. Para tanto, será designada uma Comissão de Averiguação integrada por três membros, sendo um pertencente a Diretoria, um pertencente ao Conselho Deliberativo e um a CPC. Os centros de treinamento serão submetidos a processo de recadastramento a cada 4 anos. Caso os requisitos dessas diretrizes sejam infringidos, a Comissão de Averiguação devera orientar o coordenador do centro de treinamento no sentido de sanar as irregularidades observadas, por meio de relatório fundamentado voltado as correções necessárias a manutenção do credenciamento do centro. Decorridos 6 meses, uma nova inspeção será realizada. Caso as recomendações não tenham sido atendidas, será emitido um parecer final para decisão e adoção do descredenciamento do centro pelo Conselho Deliberativo. O descredenciamento do centro de treinamento ocorrerá também quando qualquer uma das seguintes condições for constatada: • Inexistência de pelo menos um treinando que tenha concluído o programa de treinamento por um período contínuo de 4 anos. • Inexistência de pelo menos um treinando egresso do centro de treinamento que tenha sido aprovado na prova para obtenção do certificado de área de atuação em hemodinâmica e cardiologia intervencionista da SBHCI nos últimos 4 anos. Faz-se necessária a autorização formal do diretor técnico do hospital onde funcionará o centro de treinamento. 5. Avaliação Anual dos Treinandos e do Centro de Treinamento No final de cada ano de treinamento, a CPC, em ação conjunta com a SBHCI, disponibilizará na intranet da SBHCI uma ficha estruturada (Anexo 17) para cada um dos treinandos, os quais avaliarão, de modo sigiloso, se o centro de treinamento está cumprindo com as recomendações deste Posicionamento. Essa ficha deverá ser reencaminhada à SBHCI. 6. Intervenção Percutânea das Doenças Congênitas, Estruturais do Coração e do Leito Vascular Extracardíaco Como observado, o programa teórico-prático que se aplica ao longo de 2 anos é rico, abrangente e permite ao cardiologista intervencionista, após treinamento e obtenção da certificação, atuar com proficiência no tratamento da doença coronária obstrutiva em suas mais variadas formas de apresentação. Além disso, durante esse período da formação elementar ou até mesmo após concluída essa etapa, é possível ingressar em processos específicos de treinamento, que darão ao cardiologista intervencionista as competências necessárias para atuação nas doenças cardíacas congênitas, estruturais e no leito vascular extracardíaco arterial e venoso. A seguir, detalharemos os processos específicos que asseguram ao cardiologista intervencionista a obtenção de competências nas áreas citadas. 6.1. Cardiopatias Congênitas O conhecimento, a habilidade e o treinamento necessários para intervenções terapêuticas em cardiopatias congênitas em crianças e adultos são diferentes dos exigidos para ICP. O conhecimento da história natural das diversas cardiopatias congênitas e o estudo especial de anatomia, fisiologia e fisiopatologia das anormalidades são pré-requisitos para a segurança e a efetividade do procedimento. Exige-se, ainda, do treinando, conhecimento das indicações para tratamento percutâneo, assim como dos diversos tipos de cirurgia realizados (paliativas e corretivas), avaliação e interpretação hemodinâmica das diversas afecções no laboratório de hemodinâmica, estudo e manejo adequado da hipertensão pulmonar, angiografias e interpretação de laudos e imagens de exames complementares como ecocardiografia transtorácica (ETT), ecocardiografia transesofágica (ETE), ecocardiografia intracardíaca, TC e RM. Na prática intervencionista contemporânea, também recomendamos que o treinando desenvolva habilidades em softwares ou programas computacionais dedicados à reconstrução e às medidas de estruturas cardiovasculares. Esse novo conjunto de habilidades visa aumentar a capacidade de planejamento e de realização de procedimentos de maior complexidade, com o intuito de aumentar a eficácia e a segurança para o paciente. O treinamento deve caminhar a partir dos procedimentos de menor complexidade, até que sejam adquiridas habilidades que permitam ao treinando realizar os procedimentos considerados mais complexos. Entre as habilidades que devem ser adquiridas, o treinamento básico inclui, por meio de prática supervisionada, o manuseio de diversos acessos vasculares, cateteres, guias, balões e dispositivos e, principalmente, orientações de como se antecipar, reconhecer e tratar as possíveis complicações. Grande esforço deve ser feito na disseminação dos cuidados com a radiação ionizante e para o uso racional dos diferentes meios de contraste. Concomitantemente a essa formação técnica, recomendam-se aos treinandos participação em sessões didáticas, discussão de casos, acompanhamento dos pacientes após o procedimento, ambulatórios de acompanhamento clínico, pesquisa, bancos de dados e registros, avaliação de qualidade e resultados e participação em grupo multidisciplinar ( Heart Team ). Também são recomendados treinamento e familiaridade com as particularidades do manuseio de neonatos e lactentes menores. Consideramos que, para uma formação completa, esse treinamento deve ser de pelo menos 2 anos para cardiologistas pediátricos ou de adultos ou de pelo menos 1 ano adicional para cardiologistas intervencionistas generalistas. Em decorrência dos inúmeros procedimentos atualmente realizados para cardiopatias congênitas e estruturais, o número mínimo de exames realizados para ter habilitação adequada varia conforme a complexidade da afecção e intervenção; porém, os centros habilitados para formação de cardiologistas intervencionistas em cardiopatias congênitas deverão realizar um mínimo de 100 procedimentos terapêuticos por ano e o treinando deverá participar como primeiro operador em pelo menos 40 casos durante o período de treinamento. A seguir descreveremos as recomendações para aquisição e manutenção das competências no tratamento 145

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