ABC | Volume 113, Nº5, Novembro 2019

Diretrizes Diretriz da Sociedade Brasileira de Cardiologia sobre Telemedicina na Cardiologia – 2019 Arq Bras Cardiol. 2019; 113(5):1006-1056 Nessa senda, os diversos serviços prestados no âmbito da Telemedicina são plenamente aplicáveis na saúde suplementar; contudo, prover consultas presenciais, inclusive com especialistas, em vez da sua versão “tele”, é uma imposição legal. Os recursos de TIC não devem ser ofertados para substituir o presencial, mas ser opção no aprimoramento da assist ncia, também no contexto da saúde suplementar. Aumentar a efici ncia nos cuidados de saúde exigirá melhorias na qualidade, bem como reduções de custos. 239 A integração da Telemedicina em ambulatórios e hospitais, inclusive no âmbito da saúde suplementar, pode ajudar a alcançar ambos objetivos. 240 A assist ncia médica é, sem dúvida, um dos mais – se não o mais – complexos setores da economia. Capital considerável, além de persist ncia por anos, serão necessários para a construção de um sistema efetivo de Telemedicina. A adoção difundida desse tipo de prática exigirá adaptações comportamentais por parte de muitos médicos, organizações e pacientes. 241 Ainda há a necessidade de regular melhor o setor nessa área. A Telemedicina pode ser uma alternativa acessível para atender às necessidades de saúde de populações vulneráveis​ que t mmúltiplas comorbidades, exigindo frequentes serviços de saúde. 242 Melhorando o envolvimento do paciente, a Telemedicina pode fornecer uma plataforma eficaz para os pacientes se envolverem em suas próprias decisões. 243 Por exemplo, a Veterans Health Administration , nos EUA, introduziu um programa nacional de Telemedicina, o Care Coordination-Home Telehealth . Esse modelo permite que os pacientes gerenciem suas próprias condições. 244 Alguns estudos importantes demonstraram que o modelo de decisões compartilhadas reduziu as taxas de hospitalização. 245 O acesso desigual à saúde, mesmo na saúde suplementar, persiste no Brasil e exige grandes investimentos para melhorar a organização dos sistemas de saúde. Mesmo quando os serviços de saúde e orientações baseadas em evid ncias estão disponíveis para condições comuns e relevantes, como hipertensão e diabetes, a lacuna de implementação é gigantesca e as melhores práticas não são absorvidas pelos profissionais de saúde ou medidas recomendadas não são implementadas pelos pacientes e suas famílias. A ci ncia da implementação revelou-se, nas últimas décadas, tão importante quanto a análise de dados para o reconhecimento de gargalos que impedem o uso completo de medidas preventivas e terap uticas que assegurem benefícios aos pacientes, que podem viver mais e melhor, beneficiando-se de todo o conhecimento disponível, 246 reduzindo custos e aumentando a efici ncia dos sistemas privados de saúde. A teleconsulta direta de médico para paciente, ainda não regulamentada no Brasil, representa o modelo mais frequentemente utilizado. Um relatório dos EUA demonstrou que a telecardiologia foi útil tanto para avaliar os novos encaminhamentos quanto os pós-operatórios recentes, com o potencial benefício da transfer ncia de conhecimento para a atenção primária local. No Canadá, a teleconsulta tem sido útil para avaliação de novos pacientes com síncope e taquicardia supraventricular. 247 No Reino Unido, uma ampla gama de serviços de telecardiologia em pacientes internados e ambulatoriais está disponível nos hospitais distritais usando várias tecnologias. 248 Essa abordagem melhorou o acesso, foi custo-neutra e aumentou a satisfação dos pacientes. Os autores enfatizaram que tal abordagem complementava, mas não substituía, as consultas regulares. Existe um crescimento exponencial na demanda por cuidados domiciliares através de aplicações diretas ao consumidor baseadas na web, que incluem aplicativos para tablets e smartphones . 249 Muitos provedores de saúde no exterior estão adotando essa tecnologia como uma maneira de fornecer cuidados de baixo custo para problemas comuns que poderiam resultar em uma visita ao departamento de emerg ncia. 250 A maioria dessas aplicações depende exclusivamente de conexões de vídeo e áudio com software adicional para agendamento, faturamento, compartilhamento de imagens fixas e documentação. Além disso, alguns periféricos, como dispositivos de detecção de ritmo cardíaco compatíveis com smartphone , 251 estão disponíveis para compra por um preço decrescente. A exiguidade de capital para a aquisição e manutenção de equipamentos e infraestrutura em Telemedicina continua a ser uma barreira para a implementação mais difundida. 252 Isso é particularmente verdadeiro para muitos provedores de redes de saúde ou pequenos sistemas que podem carecer dos recursos necessários e frequentemente t m demandas conflitantes por fundos disponíveis. Outros custos associados a um programa de Telemedicina incluem salário, apoio administrativo e suprimentos, custos de desenvolvimento e atualização de softwares e aplicativos, programas de treinamento e iniciativas para promover o programa aos pacientes. 253 Com o aumento da conectividade móvel, dos smartphones e da compactação de vídeo, os custos para implementar interações simples de Telemedicina diminuíram. Atualmente, nenhum dos procedimentos utilizados em Telemedicina integram o Rol de Procedimentos e Eventos em Saúde da Saúde Suplementar, ou seja, há um vazio regulatório que coloca a Telemedicina em um terreno de conjecturas e expectativas frustradas dissociado do interesse do setor regulamentado. Tambémnão há evid ncias científicas concretas disponíveis que sustentemo emprego formal dessa tecnologia. 38 A Telemedicina é uma inovação disruptiva com potencial para mudar a saúde, e é provável que sua influ ncia aumente rapidamente. Guiada pelo que é melhor para os pacientes, a Telemedicina, se aplicada adequadamente, ajudará a inaugurar uma nova era para atenção à saúde, que será construída por pacientes e médicos, identificando novas maneiras de cuidados, aumentando a qualidade e racionalizando o custo também no âmbito da saúde suplementar. 240 5. Avaliação Econômica e Impacto Orçamentário da Incorporação da Telemedicina Aplicável à Cardiologia no Brasil 5.1. Conceitos de Avaliação Econômica em Telemedicina A implementação de serviços de Telemedicina busca fornecer cuidados de saúde de qualidade e de fácil acesso a 1037

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