ABC | Volume 113, Nº3, Setembro 2019

Atualização Atualização da Diretriz de Ressuscitação Cardiopulmonar e Cuidados Cardiovasculares de Emergência da Sociedade Brasileira de Cardiologia – 2019 Arq Bras Cardiol. 2019; 113(3):449-663 Mais da metade dos casos acontece em domicílio, e poucas vítimas de AVC são encaminhadas para o hospital em tempo hábil para terapia fibrinolítica. 1256,1257 Isso ocorre por uma série de fatores, como a falta de reconhecimento dos sinais da doença; subutilização do SAMU; uso de veículos privados para transporte ao hospital; ou avaliação inicial em atendimento médico primário. 698,1258,1259 Para que não ocorram atrasos, é fundamental o reconhecimento dos primeiros sinais e sintomas da doença. 604,1260 Uma maneira acessível de identificação de uma vítima com possível AVC é a aplicação da escala pré-hospitalar de acidentes vasculares de Cincinnati (Quadro 19.5), baseada no exame físico. 1261,1262 Nessa escala, o socorrista deve procurar por três achados: desvio de rima labial, fraqueza em um dos membros superiores e anormalidades na fala (Figura 19.4). Na existência de qualquer um destes sinais, a probabilidade de a vítima apresentar AVC é de 72%. 1263 Portanto, são fundamentais campanhas educacionais, com o objetivo de informar a população quanto ao reconhecimento dos primeiros sinais e sintomas do AVC, assim como a ativação imediata do SAMU. 598,1248,1258,1260 Uma vez ativado o serviço médico de emergência, o atendimento às vítimas de AVC deve ser priorizado, com profissionais habilitados para diagnóstico e estabilização inicial do paciente, com escalas e protocolos específicos. O transporte deve ser realizado, após contato telefônico inicial, para hospital com melhor estrutura e mais próximo do local. 1262,1264 Durante o transporte, deve ser realizada a monitorização de oximetria e avaliação clínica quanto à presença de desidratação, 610,625 além de não corrigir a hipertensão arterial, inicialmente. 1262 Atualmente, apesar da ausência de evidência científica, o auxílio de aplicativos de telefone celular, o uso de mídias digitais ou a telemedicina parecem promissores na melhora do reconhecimento inicial dos sintomas, na ativação mais rápida do serviço médico de emergência, no tratamento e no desfecho dos casos de vítimas de AVC (Quadro 19.6). 19.8. Crise Asmática Asma é uma doença heterogênea, caracterizada por inflamação crônica de vias aéreas. 1265,1266 A causa da morte por asma é a obstrução total das vias aéreas na quase totalidade dos casos. Por isso, é preciso identificar aspectos que indiquem maior risco. As orientações devem incluir informações sobre a doença, habilidades no manejo dos dispositivos inalatórios (Quadro Quadro 19.5 – Escala pré-hospitalar de acidentes vasculares de Cincinnati Sinais/sintomas Como testar Normal Anormal Queda facial Pede-se para a vítima mostrar os dentes ou sorrir Ambos os lados da face movem-se igualmente Um lado da face não se move tão bem quanto o outro Força motora nos braços A vítima fecha os olhos e mantém os braços estendidos Ambos os braços movem-se igualmente ou não se movem Observa-se a queda de um dos braços Fala anormal Pede-se para a vítima falar uma frase: “o rato roeu a roupa do rei de Roma” Usa as palavras corretas, com pronúncia clara Pronuncia palavras inteligíveis, usa palavras incorretas ou é incapaz de falar 19.7), 1267 aderência ao uso das medicações, estratégias para reconhecimento e manejo das crises (plano de ação), visitas regulares ao médico para avaliação do controle da asma e, se disponível, automonitorização com peak flow , um dispositivo usado para medir o fluxo expiratório de pacientes de asma. Reconhecimento dos fatores de risco para asma fatal: história de asma quase fatal, necessitando de IOT e VM; duas ou mais hospitalizações, ou mais de três visitas ao pronto- atendimento devido à crise, no último ano; uso frequente ou recente de corticosteroides orais; não aderência ao uso de corticosteroides inalatórios; uso de dois ou mais frascos de broncodilatador por mês; problemas psicossociais (por exemplo, depressão, baixo nível socioeconômico, dificuldade de acesso à assistência, falta de aderência a tratamentos prévios); alergia alimentar em paciente com asma. Pacientes asmáticos, quando em crises de broncoespasmo, muitas vezes já possuem consigo medicação broncodilatadora (sob a orientação médica), e podem realizar sua autoadministração. 1267,1268 19.9. Anafilaxia A anafilaxia pode ser caracterizada como reação sistêmica aguda, grave, que acomete vários órgãos e sistemas simultaneamente e é determinada pela atividade de mediadores farmacológicos liberados por mastócitos e basófilos ativados. Os principais agentes relacionados à anafilaxia são medicamentos, veneno de insetos e alimentos. 1269-1272 A anafilaxia tem muitas apresentações clínicas, mas o comprometimento respiratório e o colapso cardiovascular podem causar a maior preocupação, devido à alta mortalidade. Para caracterização da anafilaxia, são considerados três critérios clínicos (Quadro 19.8). Estima-se que a incidência de reações anafiláticas varie entre 10 e 20/100 mil habitantes por ano. Não há dados brasileiros, porém estudos epidemiológicos europeus demonstraram que mais de um terço das reações alérgicas graves foram inicialmente tratadas por um médico de emergência (34,5%); 37,6% por outros médicos e 10% receberam tratamento em primeiros socorros por meio de não profissionais (socorristas leigos). 1274 A administração precoce de epinefrina para reações alérgicas graves pode salvar vidas e retardar a progressão de uma reação anafilática. 1275,1276 612

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