ABC | Volume 113, Nº3, Setembro 2019

Atualização Atualização da Diretriz de Ressuscitação Cardiopulmonar e Cuidados Cardiovasculares de Emergência da Sociedade Brasileira de Cardiologia – 2019 Arq Bras Cardiol. 2019; 113(3):449-663 Quadro 19.2 – Recomendações para atendimento em casos de desmaio Recomendações Classe de Recomendação Nível de Evidência Ajudar a vítima a deitar-se no chão em decúbito dorsal horizontal e esperar ela se recuperar. Se ela não se recuperar acionar o serviço médico de emergência II B Em caso de síncope, elevar as pernas da vítima, carca de 30 a 60º, exceto em situações de trauma IIb C O episódio de síncope pode ser originado por várias causas: reflexo vasovagal, induzido por calor excessivo, dor intensa, tosse, posição ortostática prolongada, esforço ao urinar ou evacuar, por medo ou estados de ansiedade extrema e por esforço físico demasiado; síndrome do seio carotídeo; síndromes de insuficiência autonômica, tais como o Parkinson; alterações do sistema autônomo, desencadeadas pelo uso de álcool, diabetes, amiloidose e hipovolemia; induzida pelo uso de determinados medicamentos, como antiarrítmicos, betabloqueadores, drogas vasodilatadoras, diuréticos, antidepressivos e antipsicóticos, entre outros; síncope de origem cardíaca; síncope cerebrovascular, ocasionadas por cefaleia, isquemia cerebral, epilepsia e outros. O tratamento da síncope está relacionado à sua causa. Sabe-se que a síncope vasovagal é a mais frequente, correspondendo a 50% dos diagnósticos. Neste caso, as medidas não farmacológicas são suficientes, como hidratação vigorosa, evitar locais quentes e abafados, uso de meia elástica, treinamento postural passivo, dentre outras (Quadro 19.2). 19.5. Obstrução de Vias Aéreas por Corpo Estranho Entende-se por obstrução de vias aéreas toda situação que impeça total ou parcialmente o trânsito de ar ambiente até os alvéolos pulmonares. A restauração e a manutenção da permeabilidade das vias aéreas nas vítimas de trauma são essenciais e devem ser feitas de maneira rápida e prioritária, podendo resultar em morte dentro de minutos, se não for tratada. 1234,1235 Uma vítima pode desenvolver obstrução de vias aéreas devido a causas intrínsecas (obstrução das vias aéreas por relaxamento da língua) ou extrínsecas (aspiração de corpo estranho, alimentos e outros). 1229,1234,1235 No Brasil, a OVACE é a terceira maior causa de acidentes seguidos por morte, em crianças e lactentes. 1229,1236 Classifica-se a OVACE em leve (parcial) ou grave (total). Na obstrução leve, existe passagem de ar, e a vítima é capaz de tossir. Enquanto houver uma troca gasosa satisfatória, o socorrista deve encorajar a vítima a persistir na tosse espontânea e nos esforços respiratórios, pois a tosse promove a saída de ar dos pulmões, estimulando a expulsão do objeto que está causando a obstrução. 1235 Os sinais de obstrução grave (total) das vias aéreas incluem: • Incapacidade de respirar, tossir e falar, cianose de lábios e extremidades, indicando que não há passagem de ar. • A vítima pode fazer o sinal universal da asfixia (segurando o pescoço com uma ou ambas as mãos) ou apenas apontar com as mãos voltadas para o pescoço, indicando que está engasgada e precisa de ajuda. 1235,1236 • Em caso de obstrução grave das vias aéreas em vítima consciente, deve-se utilizar a manobra de Heimlich (Figura 19.2). Esta manobra (impulso abdominal) eleva o diafragma e aumenta a pressão na via aérea, forçando a saída de ar dos pulmões, suficiente para criar uma tosse artificial e expelir um corpo estranho. Relatos de complicações incluem danos aos órgãos internos, 1237 portanto toda vítima que receber a manobra de Heimlich deve ser encaminhada para o hospital. • Se a vítima estiver grávida ou for obesa, aplique compressões torácicas, ao invés de compressões abdominais (Figura 19.3). Se a vítima for menor que o socorrista, o mesmo deve posicionar-se de joelhos atrás da vítima e realizar a manobra de Heimlich. Atualmente, um novo dispositivo de sucção está sendo especialmente desenvolvido para desobstrução das vias aéreas para as situações de falha com as manobras habituais descritas. 1238 • Se a vítima adulta com OVACE tornar-se inconsciente, o socorrista deve apoiar a vítima cuidadosamente no chão e imediatamente ativar o serviço médico de emergência (ou solicitar ajuda ou ligar pelo viva-voz) e, em seguida, iniciar a RCP. Cada vez que o socorrista abrir as vias aéreas para realizar as ventilações, o mesmo deverá olhar para o interior da cavidade oral; se o corpo estranho estiver visível, deverá ser removido, evitando varredura digital às cegas e não retardando as manobras de RCP (Quadro 19.3). 1235 Figura 19.2 – Manobra de Heimlich. 610

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