IJCS | Volume 31, Nº4, Julho / Agosto 2018

402 Macedo et al. Modelo periodizado para prescrição de exercícios Int J Cardiovasc Sci. 2018;31(4)393-404 Artigo Original de treino, iniciou-se o treinamento intervalado no GP. A partir do 5º minuto de caminhada na esteira, o paciente treinou por 2 minutos próximo à FCLV1, seguindo-se 1 minuto próximo à FCLV2, mantendo-se esse esquema alternado até completar 30 minutos de treino. Devido à sua especificidade, tal intensidade de treino causou maior aumento no VO 2 do LV2, um fato confirmado pelos achados do presente estudo. É importante salientar que esse TA intervalado, limitado pela fase estável máxima da produção de lactato, já foi comprovado. Cornish et al., 26 publicaram uma meta-análise envolvendo 213 pacientes de sete estudos randomizados, demonstrando a necessidade demais estudos para determinar os riscos e benefícios do treinamento intervalado acima doLV2. Além disso, os autores ressaltaram as diferentes metodologias de prescrição, com pacientes iniciando o programa de exercício com séries de treinamento intervalado de alta intensidade na maioria dos casos. 27 Acreditamos que a periodização permitamaior padronização das prescrições. Composição corporal Os participantes do GP apresentaram redução da massa gorda, da percentagemde gordura acima da ideal e do peso corporal. Incrementos na massa corporal e gordura corporal estão associados com várias doenças crônicas, como diabetes e doença cardiovascular. 28 Estudos mostraram que o TA moderado promove melhora da composição corporal. 29,30 Isso é importante uma vez que a obesidade é considerada um relevante fator de risco cardiovascular modificável. 31 A simples melhora dos hábitos alimentares não é suficiente para uma diminuição rápida e apropriada da massa gorda. Logo, a associação de exercício físico é fundamental para a redução do peso corporal e a manutenção de longo prazo dessas alterações. 31 Estudos, 28,32,33 reconheceram o exercício aeróbio como a forma de treinamento mais adequada, pois promove efeitos positivos no metabolismo da glicose e dos lipídeos e diminuição da gordura corporal, em associação com exercícios de fortalecimento. Inoue et al., 24 mostraramque a associação de força e TA foi mais eficiente do que apenas o TA para melhorar o perfil lipídico e a resistência insulínica em adolescentes obesos. A melhora na capacidade aeróbia ou tolerância ao exercício resulta em maior consumo de calorias para manter a atividade, queimando, consequentemente, mais gordura. 24 Lira et al., 34 estudaram os efeitos da intensidade e do tipo de exercício nos perfis de lipoproteínas, enfatizando o maior gasto de energia obtido com a associação de volume e intensidade. Isso justifica o achado de que o GP, com sua maior evolução cardiopulmonar e tolerância ao exercício, apresentou maior redução da gordura corporal. Isso resulta do fato de que a melhora da capacidade aeróbia aumenta o gasto calórico por sessão, pois o paciente caminha mais no mesmo intervalo de tempo. Função musculoesquelética Os dois grupos de treinamento apresentaram significativa melhora na força depois do período de treinamento. Nesse caso, o GP apresentou vantagem. Durante o período de adaptação, os pacientes trabalharam com cargas equivalentes a 30% do máximo determinado no teste de 1RM. No período fundamental, trabalharamcomcargas equivalentes a 40%, e, no período específico, com50%. Essa progressão organizada da carga foi mais efetiva do que a progressão aleatória usada para o GNP. Isso poderia ser atribuído ao fato de que tais cargas de treinamento baixas não recrutariam diferentes fontes de energia e/ou tipos de fibras musculares. Além disso, nas primeiras 12 semanas de treinamento, o aumento da força ocorre devido à adaptação neural e não à hipertrofia, que independe da carga. 8,11 O aumento da força observada nos dois grupos pode ter contribuído para melhorar o VO 2 pico, a velocidade da caminhada e a inclinação alcançada durante o TECP. 27 Portanto, o estudo do treinamento é extremamente importante para que os atletas alcancemalto desempenho e os pacientes, como os cardiopatas, reduzam o risco de mortalidade, o que tem alta relevância social. Conclusão O presente estudo mostrou que, nos programas de reabilitação cardíaca para pacientes com DAC, a periodização do treinamento podemelhorar os resultados se comparado ao modelo convencional, ao se considerar as seguintes variáveis: VO 2 pico, VO 2 para o LV2, VO 2 para o LV1, porcentagem de gordura e peso corporal. Esses achados sãomuito importantes para futuros estudos envolvendo treinamento físico e reabilitação cardíaca. Acreditamos que, no presente momento, antes de passar para estudos comparativos entre exercícios contínuos de intensidade moderada versus exercícios intervalados de alta intensidade, deve-se incluir a periodização como ferramenta de prescrição para

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