IJCS | Volume 31, Nº4, Julho / Agosto 2018

384 Borges et al. Escore de adesão Int J Cardiovasc Sci. 2018;31(4)383-392 Artigo Original Introdução A promoção da saúde é uma estratégia fundamental na prevenção de evento tromboembólico em pacientes em Terapia com Anticoagulante Oral (T-ACO), além de aspectos que permeiam a assistência prestada a essa clientela. Nessa perspectiva, profissionais da saúde, enfermeiros e médicos exercempapéis de educadores no que tange, principalmente, à correta clareza na orientação do paciente sobre os fatores de risco e os prováveis sinais e sintomas de um evento recorrente e de possível complicação relacionados a T-ACO. 1 A estabilidade do uso de anticoagulantes orais está associada à adesão, dentre outros variados fatores: idade, uso paralelo com outros medicamentos, comorbidades, uso irregular de vitamina K, uso inadequado do medicamento, e polimorfismos hereditário. 2 Os programas de educação para usuários em tratamento ambulatorial de anticoagulação oral têm sido de grande importância para o manejo das interações de fármacos e de dietas com derivados cumarínicos, que se tornam fatores de interferência para adesão. 2,3 Estudo 4 apontou considerações pertinentes à adesão à T-ACO. Revelou-se que a produção de conhecimento sobre a adesão de usuários de ACO ainda é um grande desafio aos profissionais de saúde no âmbito nacional e internacional. Ainda, que os profissionais de saúde propõem instrumentos para favorecer a adesão e o conhecimento dos usuários acerca do tratamento, e ainda traz informações sobre a situação sociodemográfica desses pacientes. Os autores afirmam, ainda, que há escassez de trabalhos científicos que abordem vários fatores que interferem a adesão destes usuários. Ressaltam que os estudos analisados realçaram a importância da educação em saúde como intervenção estratégica eficaz para melhoria do uso do ACO e que a amostra dos estudos selecionados apresentou lacunas referentes a instrumentos mensuráveis da adesão ou não adesão, entretanto, reforçava a necessidade emergente de uma escala de adesão para essa população. Diante desse contexto e das recomendações atuais, surgiu a necessidade de se construir um escore capaz de avaliar a adesão ou a não adesão dos usuários de ACOs. Métodos Trata-se de um estudo analítico, observacional, transversal e abordagem quantitativa, realizado no Centro de Anticoagulação Oral de um hospital público especializado em cardiologia vinculado à Secretaria da Saúde do Estado de São Paulo. Para o cálculo deste tamanho amostral utilizou- se como proposição a prevalência de RNI (razão normalizada internacional) alterada, ou seja, dos pacientes sem fatores intervenientes, esperou-se que 5% apresentaram o RNI alterado, e dos pacientes com o fator supunham em torno de 15%, considerando o alfa de 5%, e o poder do teste de 95%. Portanto, conjecturavam a alocação de 5 pacientes com o fator interveniente e 2 sem o fator, considerando assim, um tamanho amostral de 574. Considerou-se, ainda, o acréscimo de 5% para eventuais perdas de participação, obtendo uma amostra de 607 usuários de ACO que atenderam aos critérios de elegibilidade. Para o modelo de desenvolvimento, optou-se pela variável de desfecho o RNI alterado e as variáveis preditoras: a manipulação do medicamento, interações medicamentosas e alimentar, atividade física, procedimentos e cirurgias, uso adequado do medicamento, condições clínicas e problemas de saúde, outros fatores (estresse, emagrecimento e/ou engorda, o uso de warfarina genérica ou similar, uso abusivo de álcool, e se iniciou ou não atividade física). A coleta de dados foi feita pelo pesquisador por conveniência e foram realizadas, na parte I, questões relacionadas à caracterização e, na parte II, questões de perfil clínico. Antes, aplicou-se oTermodeConsentimento Livre e Esclarecido após o consentimento e aprovação do usuário. O estudo foi aprovado pelo comitê de ética da instituição sob nº de protocolo 4420 e CAAE: 24118513.7.0000.5392. Análise estatística As variáveis qualitativas foram expressas pela frequência absoluta e relativa e as quantitativas pela média e desvio padrão. Para verificar se houve associação entre as variáveis qualitativas utilizou o teste Qui-quadrado ou o exato de Fisher. As variáveis que apresentaram valor de p < 0,10 e/ou de significância clínica para adesão, o RNI na faixa terapêutica recomendada, foram submetidas a um modelo de regressão logística múltipla. Posteriormente, foi aplicado o método de stepwise backward para obter o modelo final. Foi calculado o C-statistic pela curva ROC (Receiver Operating Characteristic) , para avaliar a capacidade do modelo e do escore final. O nível de significância adotado foi de 5%. Os dados foram analisados utilizando os programas Statistical Package

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