IJCS | Volume 31, Nº4, Julho / Agosto 2018

361 Gomes et al. Aterosclerose e hipertensão na gestação Int J Cardiovasc Sci. 2018;31(4)359-366 Artigo Original colesterol), lipoproteína de baixa densidade-colesterol (LDL-colesterol), triglicerídeos e proteína C-reativa ultrassensível (PCR-us). A pesquisa foi aprovada pelo Comitê de Ética em Pesquisa do ComplexoHospitalar Hospital Universitário Oswaldo Cruz/ Pronto-Socorro Cardiológico de Pernambuco, sob a CAAE número 55361416.0.0000.5192 e número do parecer 1.593.189, de 16 de junho de 2016. Análise estatística Os resultados foram expressos por percentuais para as variáveis categóricas e de medidas estatísticas como média, desvio padrão e mediana, quando indicada, para as variáveis numéricas. A associação entre a ocorrência de aterosclerose de carótidas comas variáveis categóricas foi realizada utilizando o teste qui quadrado de Pearson e, para a comparação entre a aterosclerose de carótidas em relação às variáveis numéricas, foi utilizado o teste t de Student não pareado. Realizou-se análise de regressão de Cox para avaliar a influência das covariáveis no desenvolvimento de aterosclerose de carótidas no climatério. A força da associação entre as variáveis categóricas foi avaliada por meio da OR com respectivo intervalo de confiança. A verificação da hipótese de normalidade foi realizada pelo teste de Kolmogorov- Smirnov. O nível de significância utilizado nas decisões dos testes estatísticos foi de 5%e os intervalos com95%de confiança. Oprograma estatístico utilizado para digitação e obtenção dos cálculos estatísticos foi o Statistical Package for the Social Sciences (SPSS) na versão 21. Resultados Foram estudadas 504 mulheres, sendo 126 com aterosclerose de carótidas e 378 sem aterosclerose de carótidas. Os grupos não diferiram quanto a idade, raça, estado civil e alfabetização (Tabela 1). Tambémnão houve diferença quanto a número de gestações, parto prematuro e prole com baixo peso ao nascer (Tabela 2). A aterosclerose de carótidas apresentou maior associação com hipertensão arterial sistêmica (OR 1,837; IC95% 1,154-2,925; p = 0,01) e dislipidemia (OR 1,971; IC 95% 1,149-3,380; p = 0,01). Houve tendência a maior prevalência de aterosclerose de carótidas em mulheres com síndrome metabólica (OR 1,442; IC95% 0,957-2,172; p = 0,08). A aterosclerose de carótidas também associou-se diretamente com maiores valores de pressão arterial sistólica (134,18 mmHg vs. 128,59 mmHg; p < 0,01), LDL-colesterol (156,52 mg% vs. 139,97 mg%; p < 0,01) e CT (229,68 mg% vs. 214,31 mg%; p < 0,01). Não houve diferença com relação a pressão arterial diastólica, IMC, circunferência abdominal, circunferência do quadril, glicemia, HDL- colesterol, triglicérides ou PCR (Tabela 3 e 4). Cerca de 10% da amostra apresentou antecedente de hipertensão na gestação. Não foi encontrada diferença estatística significativa entre aterosclerose de carótidas no climatério e antecedente de hipertensão na gestação (OR 1,631; IC95% 0,874-3,042; p = 0,12). Ao analisar apenas as mulheres com antecedentes de hipertensão na gestação e que apresentavam hipertensão arterial sistêmica no climatério, também não se observou diferença estatística (OR 1,862; IC95% 0,955-3,628; p = 0,07). Quando avaliamos amédia do EIMC, não encontramos associação estatística com o antecedente de hipertensão na gestação (0,8516 ± 0,1491 vs. 0,8101 ± 0,1441; p = 0,06). Também não encontramos diferença estatística quando comparamos apenas a presença de placas carotídeas com os antecedentes de hipertensão na gestação (OR 1,332; IC95% 0,668-2,655; p = 0,41). No modelo de regressão logística, somente a hipertensão arterial sistêmica (B = 0,108; p = 0,01) e a dislipidemia (B = 0,122; p = 0,01) mostraram significância estatística com a aterosclerose de carótidas no climatério (Tabela 5). Discussão Em nosso estudo, a aterosclerose de carótidas se associou com hipertensão arterial sistêmica e dislipidemia, mas não com antecedente de hipertensão na gestação, ainda que analisados separadamente o EIMC e a presença de placa carotídea. Este resultado indica que a hipertensão na gestação não se associa com aterosclerose subclínica. O aumento da EIMC e a presença de placa carotídea já foram descritos como preditores independentes de risco cardiovascular. 17-20 No entanto, a maior parte dos estudos que tentaram associar o antecedente de hipertensão na gestação e a aterosclerose carotídea é conflitante, pois não utilizoumedidas padronizadas de aferição do EIMC e de placa carotídea. Nossos dados acrescentam informações na literatura por conta do grande número de pacientes avaliados. Todas as ultrassonografias foram realizadas pelo mesmo examinador de forma cega, para a variável antecedente

RkJQdWJsaXNoZXIy MjM4Mjg=