IJCS | Volume 31, Nº4, Julho / Agosto 2018

336 esquerda ou trivascular, o que pode ter contribuindo para discordância entre os resultados. Outro fator a ser considerado na análise de concordância é a presença de doença microvascular, que influencia na avaliação da RFF, 10 porémoutras avaliações invasivas podem ser realizadas, para melhor quantificar a doença microvascular. A reserva de fluxo coronário (RFC) e o índice de microrresistência circulatório (IRC) melhoram a estratificação de risco em paciente com RFF negativa, sendo um fator prognóstico independente. 11-13 A RFC representa a capacidade de vasodilatação do leito vascular coronariano durante hiperemia, sendo medido por indicadores de termodiluição. Umvalor baixo de CRF (≤ 2) indica disfunção microvascular. Adicionalmente, o índice de resistência microvascular também fornece dados sobre a função microvascular, sendo medido por meio da pressão coronariana distal multiplicada pelo tempo de trânsito médio de 3 mL de bólus de salina durante hiperemia induzida pela adenosina, sendo menor que 20 o valor normal e maior que 30 se alterado. 11-13 Na amostra total, a RFF era negativa em 53,57% dos pacientes que apresentavam CPM positiva, resultado que pode ser explicado pela presença de doença microvacular, sendo sua confirmação feita pelos métodos discutidos acima. Na análise específica daADA, tambémnão observamos concordância significativa, mas 83% dos pacientes com cintilografia negativa tambémapresentaramRRFnegativa. Não foramobtidos dados significantes de concordância ou discordância em nossa amostra, possivelmente por conta do número de pacientes estudados, sendo necessária uma amostra maior. Conclusão Pode ocorrer discordância entre os resultados de análise funcional de lesões coronárias moderadas por testes invasivos e não invasivos. Este fato pode ter consequências importantes no uso da cintilografia para determinar a estratégia de revascularizacao ótima, principalmente em pacientes multivasculares. Assim, a reserva de fluxo fracionada mostra-se boa aliada à coronariografia, principalmente empacientes com lesões multivasculares, uma vez que a estratificação anatômica e funcional pode ser obtida em um único procedimento. Tratando-se de pacientes com doença microvascular, a reserva de fluxo fracionada não é definida com estratégia ideal na avaliação de isquemia. Tabela 1. Características dos pacientes Idade, anos 65,45 (58,03-69,59) Sexo feminino, % 65,96 Raça, % Branco 63,83 Pardo 25,53 Negro 10,64 Diagnóstico, % Angina estável 82,98 IAM prévio 14,89 Outros 2,13 HAS 91,11 Dislipidemia 91,11 Diabetes melito 42,22 Tabagista 40,00 Doença cerebrovascular 8,89 Insuficiência renal 4,44 Sedentarismo 86,67 Obesidade 13,95 Historia familiar 52,27 FEVE < 50% 14,28 FE Teichholz 64,5 (45-71) Anatomia trivascular ou TCE 38,80 IAM: infarto agudo do miocárdio; HAS: hipertensão arterial sistêmica; FE: fração de ejeção; VE: ventrículo esquerdo; TCE: tronco de coronária esquerda. pacientes comRFF positiva apresentaremCPMpositiva; o valor de p foi não significativo. Tal discordância torna-se mais evidente em pacientes comdoençamultivascular, pois aCPMtende a subestimar a importância funcional das lesões. 8 A RFF reflete o gradiente de pressão em um único vaso; por outro lado, a CM faz a comparação da severidade funcional da estenose entre os vasos. O defeito de perfusão na CPM é definido por meio da comparação com a região de maior perfusão, assumindo que esta região seja normal, mas, muitas vezes, também é uma região alterada – ainda que menos afetada. 10 Na amostra estudada, 38,8% dos pacientes possuíam doença em tronco de coronária Issa et al. Comparação entre Reserva de Fluxo Fracionada e SPECT na Isquemia Miocárdica Int J Cardiovasc Sci. 2018;31(4)333-338 Artigo Original

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