IJCS | Volume 31, Nº4, Julho / Agosto 2018

439 Tabela 2 - Diferenças entre fadiga oncológica e fadiga ligada à IC Fadiga oncológica Fadiga ligada à IC Fraqueza muscular generalizada Fraqueza muscular respiratória e periférica Não melhora com o repouso ou sono Melhora com período de repouso e sono Agrava com quimioterapia e/ ou radioterapia Piora com uso de corticoides e anti-inflamatórios Não tem associação direta com a dispneia Associada a dispneia aos esforços Disfunção do sistema nervoso central e periférico Disfunção sistema nervoso periférico Desuso das fibras musculares e alteração contrátil Atrofia das fibras musculares Tipo I aeróbicas Desencadeada por baixos níveis de hemoglobina, cortisol, TSH e T4 livre Desencadeada pelo aumento de mediadores inflamatórios Associada a piora do estado nutricional Associada à caquexia cardíaca com o avanço da doença Fonte: Autor, 2017 Tabela 3 - "Gatilhos" fisiopatológicos da doença arterial coronariana no tratamento do cãncer Fármaco quimioterápico Mecanismo fisiopatológico Potencial chance de eventos coronarianos 5-fluorouracil, capecitabina, gencitabina Lesão endotelial e vasoespasmo Acima de 18% de aumento no risco de isquemia miocárdica e de 10% no risco de isquemia silenciosa Componentes platina - cisplatina Trombose arterial e pró-coagulante 20 anos de risco absoluto acima de 8% após câncer testicular Inibidores do fator de crescimento endotelial vascular (VEGF): bevacizumabe, sorafenibe, sunitinibe Pró-coagulante, trombose arterial Lesão endotelial Risco de trombose arterial: bevacizumabe 3,8%, sorafenibe 1,7% e sunitinibe 1,4% Radioterapia Lesão endotelial, ruptura de plaqueta e trombose Aumento de 2 a 7 vezes no risco relativo de infarto miocárdio 10% de eventos coronarianos em sobreviventes de linfoma de Hodgkin O risco é proporcional à dose de radiação Fonte: Adaptado European Society of Cardiology (ESC) em pacientes com câncer e com baixa escolaridade, apesar de necessitar ajustes para aplicação em pessoas saudáveis. Este instrumento foi validado no Brasil em 2007 em 584 pacientes com diferentes tipos e estágios de câncer em tratamento ou não com radioterapia atendidos em quatro ambulatórios de oncologia do município de São Paulo. 53 Outra forma de avaliação é a Escala de Fadiga de Piper. Revisada e validada no Brasil em 2009, essa escala abrange todas as dimensões da fadiga e pode ser aplicada a pacientes oncológicos em todos os estágios da doença. Essa escala estabelece um ponto de corte a partir do qual o indivíduo deve ser considerado como fadigado. 54 Outro questionário bastante utilizado é o Functional Assessment of Cancer Therapy-Fatigue (FACT-F), que foi validado e aplicado em um estudo desenvolvido no Instituto Nacional de Câncer José Alencar Gomes da Silva (INCA) em 2008 e demonstrou um impacto negativo da fadiga na qualidade de vida de pacientes com câncer de mama submetidas a quimioterapia. 55 Conclusão Embora a fadiga seja um sintoma comumempacientes com câncer, é pouco valorizada na clínica diária. Nas últimas décadas, a fadiga tem tido um reconhecimento cada vez maior pelo seu impacto na qualidade de vida e sobrevida do paciente. A fadiga também é um dos sintomas cardinais da IC. A cardiovigilância e a cardio- com câncer, é um instrumento útil na prática clínica e na pesquisa (Figura 2). É descrito como sendo um método rápido, simples, válido, confiável e aplicável Borges et al. Cardio-oncologia e sintoma fadiga Int J Cardiovasc Sci. 2018;31(4)433-442 Artigo de Revisão

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