IJCS | Volume 31, Nº4, Julho / Agosto 2018

433 DOI: 10.5935/2359-4802.20180027 Resumo Nas doenças crônicas, como câncer e insuficiência cardíaca (IC), a fadiga é um sintoma comum e complexo dopontode vista etiológico e fisiopatológico, portanto, um tema de relevância na recente área da cardio-oncologia. Afadiga éprevalente em80-90%dospacientes oncológicos tratados comquimioterapia e/ou radioterapia e acomete cerca de 50-96% dos indivíduos com IC. A toxicidade atribuída aos quimioterápicos pode determinar o grau de fadiga do paciente e até predizer sua sobrevida. Nas últimas décadas, o avanço das terapias antineoplásicas impactaram substancialmente a sobrevida dos pacientes com câncer, e os riscos dos efeitos lesivos destas terapias ao sistema cardiovascular têm sido cada vez mais descritos. Portanto, a cooperação entre oncologistas e cardiologistas levou ao surgimento da cardio-oncologia e do novo conceito de cardiovigilância. A cardiotoxicidade é uma das complicações clínicas no tratamento do câncer, apresentando como manifestação típica a disfunção sistólica ventricular esquerda. Novas estratégias diagnósticas e terapêuticas têm sido empregadas na cardiovigilância empacientes comcâncer. A fadiga nestes pacientes vem sendo estudada criteriosamente com um olhar multidisciplinar e com o desenvolvimento de escalas visuais para melhor quantificar e correlacionar o seu real impacto na qualidade de vida e sobrevida destes indivíduos. O Pictograma de Fadiga e Escala de Fadiga de Piper são ferramentas cada vez mais utilizadas na pesquisa e na prática clínica. Os mecanismos envolvidos na fadiga, do ponto de vista conceitual, podem ser de origem central (sistema nervoso central) ou periférica (musculoesquelética), ambos os quais podem estar presentes no paciente com câncer. A presente revisão objetiva discutir os novos conceitos na avaliação da fadiga em pacientes oncológicos. Esses conceitos são fundamentais aos profissionais que atuam na emergente área da cardio-oncologia. Introdução A taxa de sobrevida de pacientes comcâncer melhorou substancialmente nas últimas décadas como surgimento de novos quimioterápicos e avanço da radioterapia. No entanto, os pacientes oncológicos estão mais suscetíveis aos efeitos cardiotóxicos desenvolvidos durante o tratamento, o que pode aumentar a morbimortalidade desta população. 1 Diante deste novo cenário, foi criada a cardio-oncologia, uma nova área de especialização baseada emuma abordagem integrativamultidisciplinar. A cardio-oncologia busca melhorar a qualidade do cuidado cardiológico oferecido aos pacientes com câncer e estudar as diferentes dimensões da cardiotoxicidade. Dentre os sintomas cardiovasculares, a fadiga é uma manifestação clínica comum e muito prevalente no paciente com câncer, e a sua caracterização e seus mecanismos ainda desafiam os profissionais de saúde. A fadiga associada ao câncer é uma experiência subjetiva caracterizada pelo cansaço que não alivia com o sono ou repouso e é considerada um preditor de diminuição da satisfação pessoal e qualidade de vida. 2 O sintoma fadiga varia em duração e intensidade, International Journal of Cardiovascular Sciences. 2018;31(4)433-442 ARTIGO DE REVISÃO Correspondência: Jacqueline Aparecida Borges Rua Martins Ferreira, 81/704. CEP: 22271-010, Botafogo, Rio de Janeiro, RJ - Brasil. E-mail: jackborges@yahoo.com; jborges@inca.gov.br Fadiga: Um Sintoma Complexo e seu Impacto no Câncer e na Insuficiência Cardíaca Fatigue: A Complex Symptom and its Impact on Cancer and Heart Failure Jacqueline Aparecida Borges, Mônica Maria Pena Quintão, Sergio S. M.C. Chermont, Hugo Tannus Furtado de Mendonça Filho, Evandro Tinoco Mesquita Universidade Federal Fluminense (UFF), Niterói, RJ - Brasil Artigo recebido em 11/04/2017, revisado em 12/12/2017, aceito em 19/12/2017. Insuficiência Cardíaca / fisiopatologia, Neoplasias / fisiopatologia, Cardiotoxicidade/complicações,Disfunção Ventricular Esquerda, Neoplasias / quimioterapia. Palavras-chave

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