IJCS | Volume 31, Nº3, Maio / Junho 2018

248 Cordeiro et al. Mecânica respiratória e oxigenação International Journal of Cardiovascular Sciences. 2018;31(3)244-249 Artigo Original Outro fator que pode aumentar o tempo de permanência do paciente na VMI e na UTI é a duração intraoperatória da CEC. Canver & Chanda 10 observaram que a CEC é um fator independente para insuficiência respiratória pós-operatória, o que consequentemente leva a um aumento da duração da VMI e de estadia na UTI. Na tentativa de reduzir o impacto da CEC sobre a função pulmonar, Figueiredo et al., 11 avaliaram 30 pacientes no pós-operatório de RM com o intuito de verificar o impacto da pressão positiva contínua nas vias aéreas (CPAP) sobre as trocas gasosas durante a CEC e mostraram que não houve melhora duradoura com a utilização da CEC a 10 cm H 2 O. As causas de falha na retirada da VM em pacientes submetidos a cirurgia cardíaca estão relacionadas sobretudo à presença de disfunção cardíaca e tempo prolongado de CEC. A duração da CEC é um dos principais fatores a retardar o desmame da VM após cirurgia cardíaca, devido ao importante distúrbio fisiológico causado pela resposta inflamatória ao circuito extracorpóreo. 12 Em um estudo conduzido por Nozawa et al., 12 a complacência pulmonar estática esteve alterada, apresentando valores abaixo do normal, mas este parâmetro não foi suficientemente sensível para identificar o prognóstico dos pacientes em relação ao desmame da VM. A resistência das vias aéreas esteve aumentada em todos os pacientes; porém, não se observou diferença significativa entre os pacientes que evoluírampara independência da VMe os que evoluíram para insucesso no desmame. Em relação às trocas gasosas, verificou-se no presente estudo que quanto menor a complacência estática, menor o índice de oxigenação. Rodrigues et al., 13 avaliaram 942 pacientes a fim de verificar os fatores associados à disfunção das trocas após cirurgia cardíaca e observaram que a presença de pneumonia, arritmia cardíaca e hemoterapia apresentou correlação com essa disfunção. Outros autores demonstraramque o índice de massa corpórea e o tabagismo podem estar associados à hipoxemia, que por sua vez tem relação comumdeclínio da complacência pulmonar. 14,15 Como alternativa para corrigir essa piora da complacência pulmonar, Lima et al., 16 pesquisaram o impacto de diferentes níveis de PEEP sobre as trocas gasosas em pacientes submetidos a cirurgia de RM. Os autores avaliaram 78 indivíduos divididos em três grupos conforme o valor da PEEP (5, 8 e 10 cm H 2 O) e observaram que mudanças no valor da PEEP não interferem nas trocas. Quando os autores analisaram o grupo que recebeu PEEP de 5 cm H 2 O (valor idêntico ao utilizado no presente estudo), observaram um valor médio de 320,5 ± 65,0 mmHg, enquanto no estudo atual a média foi de 228,0 ± 33,4 mmHg. As limitações do presente estudo incluem a falta de avaliação das comorbidades apresentadas pelos pacientes incluídos na análise. Outra limitação foi a ausência de informação sobre a complacência estática, resistência e trocas gasosas no pré-operatório. Conclusão Combase nos resultados deste estudo, concluímos que amecânica pulmonar apresenta uma forte correlação com as trocas gasosas e uma fraca correlação com a duração da VM no pós-operatório de cirurgia cardíaca. Contribuição dos autores Concepção e desenho da pesquisa: Oliveira LFL, Queiroz TC, Santana VLL, Cordeiro ALL. Obtenção de dados: Oliveira LFL, Queiroz TC, Santana VLL. Análise e interpretação dos dados: Cordeiro ALL, Melo TA. Análise estatística: Cordeiro ALL, Melo TA. Redação do manuscrito: Oliveira LFL, Queiroz TC, Santana VLL, Cordeiro ALL. Revisão crítica do manuscrito quanto ao conteúdo intelectual importante: Melo TA, Guimarães AR, Martinez BP. Potencial Conflito de Interesse Declaro não haver conflito de interesses pertinentes. Fontes de Financiamento O presente estudo não teve fontes de financiamento externas. Vinculação Acadêmica Não há vinculação deste estudo a programas de pós- graduação. Aprovação ética e consentimento informado Este estudo foi aprovado pelo Comitê de Ética da Faculdade Nobre sob o número de protocolo 1.405.817. Todos os procedimentos envolvidos nesse estudo estão de acordo com a Declaração de Helsinki de 1975, atualizada em 2013. O consentimento informado foi obtido de todos os participantes incluídos no estudo.

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