IJCS | Volume 31, Nº3, Maio / Junho 2018

232 International Journal of Cardiovascular Sciences. 2018;31(3)226-234 Artigo Original Faria et al. Composição corporal e insuficiência cardíaca pacientes estáveis. 12 Assim, de acordo com a avaliação do %GC por este método, 67,7% dos homens e 71,4% das mulheres, foram identificados como obesos, sendo a maioria (68,3%) da população estudada. Já os indicadores de obesidade central estão relacionados positivamente com quantidade de tecido adiposo visceral e distúrbios cardiometabólicos. 25 Os indivíduos deste estudo apresentaram excesso de gordura central em relação a todos os indicadores estudados (CC, Índice C e RCE). Dados semelhantes são encontrados no trabalho de Quirino et al., 27 que mostrou médias de CC e RCE, para ambos os sexos, superiores ao recomendando. Com relação à análise de associações existentes entre variáveis antropométricas, Gomes et al., 28 observaram correlação positiva e significativa entre IMC e CC. Colombo et al., 29 mostraram que o IMC apresentou correlação positiva e significativa com o %GC, obtido a partir da soma das dobras cutâneas, e ambos IMC e %GC com a CC. Tais correlações também ocorreram no presente estudo. Lobato et al . , 30 alémde encontraremcorrelações entre o IMC e a CC, viramque CC apresentou correlação positiva e significativa comRCE e índice C, e que tambémocorreu correlação positiva e significativa entre os dois últimos. Mendes et al., 31 ao estudarem pacientes com diagnóstico de diabetes mellitus (DM), obesidade e/ou HAS, viram que o IMC apresentou correlação positiva com o %GC (p < 0,001) e índice C (p = 0,009). Estudos que avaliam o índice C e a RCE como preditores de risco coronariano vêm sendo realizados na população brasileira, e demonstram a importância desses índices na avaliação diagnóstica do paciente. 15,17 Por meio da BIA, obteve-se também o valor de AF, ferramenta de diagnóstico nutricional cada vez mais utilizada na prática clínica, que apresentou média de 6,8° ± 1,1 entre os pacientes estudados, sendo maior na população feminina (7,1º ± 1,4), porém sem diferença estatística entre os sexos. Seus valores em um indivíduo saudávelpodemvariarde4a10graus. 9 Quandoaumentado, pode associar-se à maior quantidade de membranas celulares intactas indicando adequado estado de saúde, enquanto que valores mais baixos indicam existência ou agravamento da doença e morte celular. 9 Para pacientes enfermos, seupontode corte diferencia-se entre as doenças. Em pacientes infectados pelo HIV, um AF menor que 5,3º associou-se com um prognóstico desfavorável, 32 enquanto que aqueles com câncer avançado obtiveram uma menor sobrevida quando seus valores foram inferiores a 4,4º. 33 Em relação à IC, Colín-Ramírez et al., 34 estudaram uma coorte da cidade do México com 389 pacientes com a doença e demonstraram que o AF é um bom indicador de prognóstico, sendo que um valor inferior a 4,2° associou-se de modo mais forte com mortalidade, mesmo após ajuste para idade, níveis de hemoglobina sérica e presença de DM. Outro estudo encontrou que houve redução significativa dos valores de AF em pacientes com IC, em relação aos controles saudáveis (5,5º vs . 6,4º). 35 Colín-Ramírez et al. 34 , demonstraram a importância prognóstica do AF emportadores de IC, e apontaramque um menor valor do AF associou-se com marcadores de desnutrição, como a diminuição do IMC, além de piora da classe funcional e falência renal. Orea-Tejeda et al., 36 associaram um menor AF (4,32º) a alterações na taxa de filtração glomerular e níveis de troponina cardíaca T. Martínez et al., 37 mostraram que um AF menor foi acompanhado de uma piora da classe funcional (III a IV), mesmo após ajuste para idade e sexo, e que seu valor foi significativamente menor em pacientes comfunção sistólicapreservada. Avaliando indivíduos com IC sistólica e diastólica, Colín-Ramírez et al., 38 observaram que aqueles comsobrecarga de volume associada à anemia tinham redução do valor de AF, e Silva-Tinoco et al., 39 associaram esta redução à distúrbios tireoidianos. Neste estudo, o AF apresentou uma correlação significativa com o IMC e uma correlação com significância marginal entre ele e a RCE e a FEVE. Desta forma, quanto maior o IMC e RCE, maior o AF, demonstrando que o excesso de peso e gordura corporal poderia ser um fator protetor para pacientes com IC, fortalecendo o que é visto em estudos sobre o paradoxo da obesidade. 1,4 Além disso, a correlação entre FEVE e AF sustenta a viabilidade deste último ser usado como um indicador prognóstico da IC. A principal limitação deste estudo diz respeito ao tamanho da amostra, uma vez que um tamanho amostral maior poderia fortalecer as correlações entre as variáveis e gerar resultados mais categóricos. Conclusão Assim, conclui-se que a maioria da população estudada apresentou excesso de gordura total e central e que existe correlação entre o IMC e o índice C com a CC e RCE, e desta com a CC. Além disso, houve tendência de correlação da RCE e FEVE com o AF, e correlação deste com o IMC. Desta forma, demonstra-se a possibilidade

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