IJCS | Volume 31, Nº3, Maio / Junho 2018

231 Faria et al. Composição corporal e insuficiência cardíaca International Journal of Cardiovascular Sciences. 2018;31(3)226-234 Artigo Original Tabela 4 – Correlação entre os indicadores antropométricos de obesidade, ângulo de fase e fração de ejeção do ventrículo esquerdo IMC Índice C CC RCEst %GC AF IMC Índice C (0,46) p-valor 0,002 CC (0,84) (0,80) p-valor < 0,001 < 0,001 RCEst (0,83) (0,81) (0,85) p-valor < 0,001 < 0,001 < 0,001 %GC (0,36) (0,38) (0,32) (0,53) p-valor 0,02 0,01 0,04 < 0,001 AF (0,44) (-0,01) (0,22) (0,29) (0,06) p-valor 0,004 0,95 0,17 0,06 0,7 FEVE (0,17) (0,12) (0,15) (0,17) (0,23) (0,29) p-valor 0,29 0,47 0,34 0,29 0,15 0,07 IMC: índice de massa corporal; Índice C: índice de conicidade; CC: circunferência da cintura; RCE: relação cintura/estatura; %GC: percentual de gordura corporal; AF: ângulo de fase; FEVE: fração de ejeção do ventrículo esquerdo. Discussão Alguns estudos têm demonstrado relação do excesso de gordura com hipertrofia e remodelamento excêntrico e concêntrico do ventrículo esquerdo (VE), e disfunção diastólica seguida da disfunção sistólica a longo prazo, 20,21 demonstrando a influência direta da composição corporal no sistema cardiovascular. Nesse contexto, a avaliação antropométrica é de extrema importância na prática clínica, pois o diagnóstico precoce da obesidade e a adequada intervenção ajudam a melhorar a qualidade de vida do paciente e evitam agravos à saúde. 22 Borné et al., 23 investigaram 26 653 indivíduos com idade entre 45-73 anos e os resultados mostraram que elevados valores de IMC, CC e %GC aumentam o risco de hospitalização por IC, e que a exposição conjunta do IMC e CC elevados aumentou ainda mais o risco. Em relação ao IMC avaliado neste estudo, sua média foi de 26,4 ± 3,6 Kg/m² e a maioria (41,5%) dos indivíduos estudados encontrava-se com sobrepeso. Gastelurrutia et al., 24 avaliaram pacientes com ICFER e ICFEN e identificaram que 42% tinham sobrepeso e 27% eram obesos. Embora no campo epidemiológico se utilizem os valores de IMC como importante indicador de composição corporal, sua interpretação no contexto individual deve ser feita com cautela. 10 Diferentemente da população geral, entre pacientes com IC observa‑se associação inversado IMCcommortalidade e reinternação, em que maiores valores do IMC correlacionam-se de modo negativo com pior prognóstico. 25 No entanto, alguns estudos mostram que pacientes com IC devem ser avaliados não somente por esse índice, mas também por outras variáveis antropométricas, para avaliação dos compartimentos corporais e obesidade central. 24,26 Atualmente, a BIA tem sido validada para estimar a composição corporal e o estado nutricional de indivíduos saudáveis, e em diversas situações clínicas, como desnutrição e doenças crônicas. 9 Nesse contexto, discute-se a validade de sua utilização empacientes com IC, já que esse método é influenciado pela quantidade de fluidos corporais, não sendo apropriado em situações de hidratação anormal dos tecidos. 12,25 De tal forma, no presente estudo, foram utilizados critérios de padronização para a realização da BIA, excluindo sujeitos com anormalidades de hidratação, mantendo somente

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