IJCS | Volume 31, Nº3, Maio / Junho 2018

228 International Journal of Cardiovascular Sciences. 2018;31(3)226-234 Artigo Original Faria et al. Composição corporal e insuficiência cardíaca As variáveis avaliadas foram: sexo, idade, valores de FEVE obtidos pelo ecocardiograma, etiologia da doença, classe funcional empregando a classificação de New York Heart Association (NYHA), 13 comorbidades associadas, realização de cirurgia de revascularização do miocárdio (CRVM), troca valvar (TV) ou implante de stent , infarto agudo do miocárdio (IAM) prévio; além das medidas antropométricas de massa corporal (kg), estatura (m), CC (cm), IMC (kg/m 2 ), RCE e Índice C, realizadas por um único avaliador treinado. A massa corporal foi aferida com auxílio de balança médica antropométrica digital (Welmy®) com capacidade máxima de 200 kg e subdivisões a cada 100 gramas. A estatura foi obtida com o auxilio de estadiômetro standard (Sanny®) de precisão de 0,1 cm com capacidade de verificação até 220 cm, acoplado à parede. As aferições foram realizadas de acordo com a técnica proposta por Lohman et al. 14 A CC foi aferida e avaliada por uma fita inextensível graduada em centímetros e milímetros conforme os critérios estabelecidos pela IDF, 15 dividindo-se os pacientes em grupos com CC ≥ 80 cm e < 80 cm para mulheres e ≥ 90 cm e < 90 cm para homens. A RCE foi calculada dividindo-se a CC (cm) pela estatura (cm), e os pontos de corte utilizados foram 0,52 para homens e 0,53 para mulheres. O índice C foi obtido pela equação matemática proposta por Valdez, 16 e os pontos de corte utilizados foram 1,25 e 1,18 para homens e mulheres, respectivamente. Os pontos de corte da RCE e do índice C, indicativos de risco coronariano elevado, foram baseados no estudo de Pitanga e Lessa. 17 O diagnóstico nutricional foi determinado segundo o IMC adquirido pela razão entre a massa corporal e o quadrado da estatura. Sua classificação seguiu o proposto pela Organização Mundial de Saúde. 18 A avaliação da composição corporal e da integridade celular foi realizada por BIA utilizando-se aparelho tetra polar da marca Biodynamics® modelo 450, seguindo os critérios definidos pela Associação Médica Brasileira. 12 Foramutilizados no estudo os valores de AF e percentual de gordura corporal (%GC) obtidos no exame. Para classificação do %GC, foram utilizados os pontos de corte de 25% para homens e 32% para mulheres. 19 Oestudo foi aprovadopeloComitêdeÉticaemPesquisa da instituição sob o protocolo nº 47828915.3.0000.5259. Todos os pacientes forampreviamente informados sobre a finalidade da pesquisa, participando como voluntários e assinaram o termo de consentimento livre e esclarecido antes da sua inclusão no estudo. Análise estatística As variáveis foram testadas em relação à sua normalidade pelo teste de Kolmogorov-Smirnov. Para caracterização da amostra utilizou-se a estatística descritiva. As variáveis contínuas foram expressas em média e desvio padrão (±DP); o teste t de Student foi usado para análise das diferenças das amostras independentes, e a correlação linear de Pearson para verificar as correlações entre elas. As variáveis categóricas foram expressas em percentual e utilizou‑se o teste Qui-quadrado ou o teste exato de Fisher para avaliar suas associações. Os dados foram analisados pelo software STATA 14 e o valor de p < 0,05 foi adotado para indicar significância estatística. Resultados O presente estudo avaliou 41 indivíduos de ambos os sexos, sendo a maioria (n = 34; 82,9%) do sexo masculino e a média de idade foi de 61 ± 10,8 anos. A comorbidade mais presente na população foi a HAS (n = 33, 80,5%), seguida da DM (n = 21; 51,2%), doença renal crônica (DRC) (n = 3; 7,3%) e doença pulmonar obstrutiva crônica (DPOC) (n = 3; 7,3%). A classe funcional da IC de maior prevalência foi a de NYHA I (n = 18; 43,9%). Com relação à etiologia da doença, 34,1% (n = 14) era de origem isquêmica. Um total de 18 pacientes (43,9%) já havia tido IAM prévio e 14,6% (n = 6), 9,8% (n = 4) e 21,9% (n = 9) já havia realizado CRVM, TV ou implante de stent , respectivamente. Ao se comparar as características da população estudada por sexo, observa-se que não houve diferença estatística significativa entre os mesmos, exceto para a presença de DM, comorbidade com maior prevalência entre as mulheres (n = 6; 85,7%) em comparação com os homens (n = 15; 44,1%) (Tabela1). Com relação às variáveis antropométricas, houve diferença estatisticamente significativa entre os sexos apenas para o %GC, onde os homens apresentaram média de 27,2% e as mulheres 35,8%. O AF obtido pela BIA mostrou-se com maior média entre as mulheres (7,1° ± 1,4), assim como a FEVE (37,4%), porém sem apresentar diferença estatística significativa. As características clínicas e antropométricas da população estão descritas na Tabela 2. A média do IMC foi de 26,4 ± 3,6 Kg/m², sendo semelhante entre homens (26,4 ± 3,4 Kg/m²) e mulheres (26,5 ± 4,8 Kg/m²) (Tabela 2). A maioria dos indivíduos (41,5%) apresentou sobrepeso de acordo com o IMC, seguido de eutróficos (39,0%) e pacientes obesos (19,5%).

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