IJCS | Volume 31, Nº3, Maio / Junho 2018

214 Diferenças porcentuais entre início e final do curso As diferenças na remodelagem verificadas entre o início e o final do curso de tropas especiais relativamente aos dados antropométricos e ecocardiográficos estão representadas na Figura 2. Verificaram-se o aumento do peso (3,1 ± 3,3%; p < 0,01) e da MM (7,7 ± 4,1%; p < 0,01), e a redução da MG (-30 ± 15,7%; p < 0,01). O perfil tensional alterou-se com diminuição da PAS (-4,8 ± 3,0%; p < 0,01) e da PAD (-8,6 ± 7,4%; p < 0,01). Entre os achados ecocardiográficos, verificaram-se o aumento da massa do VE (10,2 ± 10,8%; p < 0,01), do DDVE (6,4 ± 14,3%; p < 0,01) e do volume AE (10,6 ± 21,1%, p = 0,02), e diminuição da ERP (-7,0 ± 14,3 %; p = 0,05). Funcionalmente, ocorreram diminuição da FEVE (-11,0 ± 12,8 %; p < 0,01) e aumento do S’ [13,3 (6,3–19,4) %; p < 0,01]. Discussão No presente estudo, realizado em atletas submetidos a umprogramade treinamentomilitar exigente emumcurso de tropas especiais, foi observada remodelagem cardíaca adicional, estrutural e funcional, alémde antropométrica. Tabela 3 - Variação dos parâmetros ecocardiográficos Parâmetros Militares (n = 17) Inicial Final Valor de p Septo interventricular, mm 9,7 ± 1,0 9,9 ± 1,0 0,39* Parede posterior, mm 9,7 ± 0,9 9,6 ± 0,8 0,39* Massa ventrículo esquerdo_ indexada, g/m 2 93,1 ± 7,7 100,2 ± 11,4 < 0,01* Espessura relativa das paredes 0,40 ± 0,1 0,36 ± 0,1 0,05* Diâmetro diastólico do ventrículo esquerdo, mm 49,7 ± 3,2 52,8 ± 3,4 < 0,01* Diâmetro sistólico do ventrículo esquerdo, mm 33,2 ± 3,3 35,1 ± 2,6 0,04* Volume do átrio esquerdo (mL/m 2 ) 27,3 ± 4,5 28,2 ± 4,1 0,07* Fração de ejeção do ventrículo esquerdo (%) 60 ± 6 54 ± 6 < 0,01* E’ lateral (cm/s) 19 ± 3 19 ± 3 0,92* E/E’ 5,3 ± 1,0 5,3 ± 0,9 0,61* S’ (cm/s) 15 (13-16) 17 (16-18) < 0,01 + Plano de excursão sistólica do anel tricúspide, mm 25 ± 4 26 ± 5 0,34* Strain longitudinal do ventrículo esquerdo (%) -21,3 ± 0,9 -20,5 ± 1,9 0,11* * Teste de t de Student emparelhado; + teste de Wilcoxon emparelhado. Relativamente aos sinais vitais, houve diminuição das médias da PAS, PAD e da FC em repouso. Este fato deve- se à diminuição da ativação do sistema nervoso simpático e ao aumento do parassimpático, durante o repouso em jovens treinados. 14,15 Nos dados antropométricos, constatou-se um aumento médio do peso corporal, com ganho de MM e redução marcada da MG. No início do programa de treinamento, os militares tinham valores de MG considerados acima do desejável para sua faixa etária e sexo, 16 e estes valores diminuíram para níveis considerados adequados como programa de treinamento militar. Adiminuição deMG relaciona-se como aumento de intensidade e/ou duração do treinamento, 17 fato também demonstrado neste estudo. As adaptações cardíacas encontradas foramcompatíveis com remodelagem cardíaca excêntrica. Observaram-se aumento significativo das dimensões e da massa do VE, e tendência para o aumento do volume do AE. Sabe-se que a remodelagemcardíaca condicionada pelo exercício físico relaciona-se como aumento e a hipertrofia harmoniosa das cavidades cardíacas, influenciando também as cavidades direitas. 17,18 Durante o curso de tropas especiais, a porcentagemdemilitares comcaraterísticas de hipertrofia Dinis et al. Remodelagem cardíaca induzida pelo treino militar International Journal of Cardiovascular Sciences. 2018;31(3)209-217 Artigo Original

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