IJCS | Volume 31, Nº3, Maio / Junho 2018

203 Fonseca et al. Síndrome metabólica e resistência insulínica International Journal of Cardiovascular Sciences. 2018;31(3)201-208 Artigo Original de triglicerídeos em jejum> 150mg/dL ou em tratamento farmacológico para hipertrigliceridemia; níveis de colesterol em partículas HDL < 50 mg/dL ou tratamento farmacológico; glicemia de jejum superior a 100 mg/dL ou tratamento farmacológico para hiperglicemia. Os exames bioquímicos realizados foram glicose em jejum, colesterol total, HDL-colesterol, triglicerídeos, ureia, creatinina e hemoglobina glicada pelo método colorimétrico. Todos os exames foram analisados no laboratório do Hospital Universitário Materno Infantil da Universidade Federal do Maranhão. Também foi calculado o HOMA-IR, utilizando a fórmula (insulina mUI/L x glicemia mmol/L/22,5) para avaliar a RI das participantes. Como valores de referência, adotou-se HOMA-IR > 4,65 se Índice de Massa Corporal (IMC) > 28,9 kg/m 2 e Homa- R > 3,60 se IMC > 27,5 kg/m 2 , segundo Stern et al. 10 A obtenção das medidas antropométricas e a coleta de sangue em jejum de 12 horas foram realizadas todas em um mesmo momento e nesta sequência. Análise estatística A análise estatística foi realizada por meio dos testes exato de Fisher, Mann-Whitney e qui quadrado. Foi considerado estatisticamente significativo valor de p < 0,05, utilizando o STATA®, versão 12.0 Este estudo é parte de um projeto maior, intitulado Disfunção Endotelial e Avaliação do Risco Cardiovascular em Mulheres Climatéricas , que possui aprovação do Comitê de Ética e Pesquisa (CEP) do Hospital Universitário da Universidade Federal doMaranhão, sob parecer 182/11, obedecendo à Resolução196/96 e suas complementares do Conselho Nacional de Saúde (CNS/MS). Resultados Foram avaliadas 150 mulheres, sendo 75 pertencentes aoGrupo I e 75 ao II, com idade entre 40 a 59 anos, emédia de idade de 49,6 (± 6,7 anos). A SM foi diagnosticada em 57 mulheres (38%), sendo 24 (32%) na pré-menopausa e 33 (44%) na pós-menopausa. Não houve diferença estatística entre menopausa e SM. Ao se estudar a relação entre os componentes da SM com o estado menopausal, foramencontradasmédias dos valores de PA, triglicerídeos, glicemia de jejume circunferência da cintura maiores, bem como valores inferiores de HDL-colesterol no Grupo II. O estado menopausal constituiu-se de fator de risco independente apenas para o aumento da PA e da glicemia de jejum (Tabela 1). Ao se avaliar a prevalência de RI calculada pelo HOMA‑IR, encontrou-se que 28 participantes possuíam RI. No Grupo I, dez mulheres (13,3%) apresentavam RI; no Grupo II, 18 participantes (24%) possuíam RI, conforme representado na tabela 2. Nessa análise, o estado menopausal, novamente, não foi preditor direto para a presença de RI. O estudo tambémavaliou se a RI pode ser considerada fator de risco independente para o desenvolvimento da SM e de seus componentes isoladamente, nos dois grupos de mulheres estudadas. A RI diferenciou-se estatisticamente do aumento dos triglicerídeos e da glicemia de jejum no grupo pré-menopausa. No estudo, foi observada a relação entre presença de RI e SM nos dois grupos estudados. A RI, calculada pelo HOMA-IR, diferenciou-se do resultado estatisticamente significante à presença de SM apenas no grupo pós‑menopausa, conforme observado na tabela 4. Discussão A prevalência de SM entre as mulheres de diferentes populações varia consideravelmente. Diferenças no perfil genético, hábitos de alimentação, nível de atividade física, idade e estilo de vida influenciam na prevalência da SM. 11 Postula-se que, dentre os diversos fatores de risco para o desenvolvimento da síndrome, a menopausa é um preditor direto. 12 Em nosso estudo, a prevalência da SM encontrada foi de 24% nas mulheres do grupo em pré-menopausa e 44%no grupo empós-menopausa, sem que houvesse associação estatisticamente significativa. Figueiredo Neto et al., 13 em estudo realizado no estado do Maranhão, utilizando critérios do National Cholesterol Education Program’s (NCEP), encontraram prevalência de 24% nas mulheres em pré-menopausa e entre 44,4% naquelas em pós-menopausa, também sem associação estatisticamente significante. Já estudo realizado por Ali et al., 14 na Tunísia, com 2.680 mulheres, entre 2004 e 2005, utilizando critérios da NCEP, obteve prevalência de 25,6 e 45,7% nos grupos pré e pós-menopausa, respectivamente, sendo o estado menopausal fator de risco independente para o desenvolvimento da SM. Em nosso estudo, foi avaliada a prevalência dos componentes da SM e a possível associação com o estado menopausal. Dentre eles, o mais frequente, em ambos os grupos, foi a elevação dos triglicerídeos, com prevalência de 65,3% e 74,6% nos grupos em pré e pós‑menopausa, respectivamente. Emseguida, o aumento da CA foi o mais observado, com frequência de 66,6% na pré‑menopausa e 70,6% na pós-menopausa. No entanto,

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