IJCS | Volume 31, Nº3, Maio / Junho 2018

202 Fonseca et al. Síndrome metabólica e resistência insulínica International Journal of Cardiovascular Sciences. 2018;31(3)201-208 Artigo Original Introdução Aproximadamente 40 milhões de mulheres estavam no climatério nos Estados Unidos em 2010 e havia uma perspectiva de 60 milhões em 2020.¹ No Brasil, 28% das mulheres (24,3 milhões) têm mais de 40 anos e na cidade de São Luís (MA), a estimativa da população feminina de 2010 foi de 538.138, sendo que, destas, 39% encontravam‑se na faixa etária entre 40 a 59 anos.² Um conjunto de fatores de risco cardiovasculares relacionados à obesidade visceral e à Resistência Insulínica (RI) define a SíndromeMetabólica (SM),³ sendo estabelecida quando apresenta três oumais dos seguintes componentes: intolerância à glicose comglicemia de jejum ≥ 100mg/dL; obesidade abdominal oumaior quantidade de gordura visceral comcircunferência da cintura > 90 cm para homens e > 80 cm para mulheres; triglicerídeos ≥ 150 mg/dL; lipoproteína de alta densidade (HDL) colesterol < 40 mg/dL para homens e 50 mg/dL para mulheres; terapia anti-hipertensiva vigente ou pressão ≥ 130 x 85 mmHg. ARIrepresentaadiminuiçãodacapacidadedainsulinade estimular autilizaçãodeglicose. As células betapancreáticas aumentam a produção e a secreção de insulina, como mecanismo compensatório, enquanto a tolerância à glicose permanece normal. Esta tem sido apontada como um problema de saúde coletiva, acometendo várias faixas etárias, sobretudo, mulheres em idade climatérica. 4 O índice Homeostases Model Assessment-Insulin Resistance (HOMA-IR) prediz o nível de RI de acordo com a glicemia e a insulinemia basal. Ele tem sido amplamente utilizado e representa uma das diversas alternativas para avaliação da RI, principalmente por figurar como um método simples, rápido, de fácil aplicação e baixo custo. 5 A prevalência da SM e sua associação com a RI em mulheres climatéricas ainda é pouco estudada em nosso meio. A identificação dos principais componentes da SM e sua relação com a RI pode ser de grande utilidade em termos de saúde pública, por exemplo, ao possibilitar maior especificidade para ações de prevenção primária e secundária de doenças cardiovasculares. O objetivo deste estudo consistiu na avaliação da prevalência da SM e seus componentes, e sua relação com a RI, no climatério. Métodos Estudodescritivo, queavaliou150pacientes climatéricas, com idade entre 40 e 65 anos, que concordaram em participar da pesquisa mediante assinatura do Termo de ConsentimentoLivre eEsclarecido (TCLE) noAmbulatório de Ginecologia doHospital UniversitárioMaterno Infantil daUniversidade Federal doMaranhão, noperíododemaio a dezembro de 2013. Pacientes que não autorizaram sua participação na pesquisa; gestantes; em uso de estatinas; que tinham sido submetidas à angioplastia coronariana ou revascularização do miocárdio, ou com história de infarto agudo do miocárdio prévio; que não possuíam informações sobre a causa damenopausa e a idade emque ocorreu; ou casos demenopausa causada por intervenções médicas (cirurgias, radioterapia ou quimioterapia) não foram incluídas na pesquisa. As pacientes foramdivididas emdois grupos: Grupo I, demulheres na pré-menopausa, e Grupo II, de mulheres na pós-menopausa. As variáveis sociodemográficas abordadas foram idade (em anos completos), cor, renda familiar, escolaridade, estado civil e ocupação. Também foram registrados dados referentes aos antecedentes pessoais (data da última menstruação e tempo de menopausa); comorbidades (Hipertensão Arterial Sistêmica − HAS, Diabetes Melito − DM e Acidente Vascular Cerebral − AVE); uso diário de medicamentos e histórico familiar de doença arterial coronariana antes dos 60 anos; e informações quanto aos hábitos sociais e de vida (prática de atividade física regular, e o relato de tabagismo e ingestão de álcool). As variáveis antropométricas foram coletadas por meio do exame físico, incluindo peso, altura e Circunferência Abdominal (CA). A medida da CA foi feita no ponto médio entre a crista ilíaca e a face externa da última costela, com trena de fibra de vidro simples com trava (fabricante: Sanny), em posição ortostática, sem roupa no tórax e no final da expiração. 6 A Pressão Arterial (PA) foi obtida pela média de duas medidas pelo método auscultatório padronizado. AspacientesforamclassificadasdeacordocomaVIDiretriz Brasileira de Hipertensão. 7 Consideraram‑se, também como hipertensa, as participantes que tinhamdiagnóstico prévio de HAS e/ou usavam anti‑hipertensivos. Classificaram‑se como diabéticas aquelas com diagnóstico prévio de DM ou em tratamento com hipoglicemiantes, conforme consenso da Sociedade Brasileira de Endocrinologia. 8 A presença de SM foi definida de acordo como critério de Albert et al., o qual requer a presença de três ou mais dos seguintes componentes: CA > 80 cm; PA sistólica > 130 mmHg e/ou PA diastólica > 85 mmHg ou em tratamento farmacológico para hipertensão arterial; níveis

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