IJCS | Volume 31, Nº2, Março / Abril 2018

88 a diversos fatores de risco, inclusive a maiores taxas de sedentarismo. 6 Outros estudos apontam também para a combinação do estresse emocional com baixo status econômico-social empacientes que experimentamepisódio de síndrome coronariana aguda como determinantes para maior vulnerabilidade para ansiedade e depressão subsequente, fatores associados a pior prognóstico. 7 Andrade et al., 8 observaram que certos fatores sociais contribuem para a mortalidade por doença isquêmica do coração no Brasil, como o índice de idosos, a taxa de analfabetismo e o índice de desenvolvimento humano. Os autores encontraram uma relação inversa entre o PIB e a mortalidade cardiovascular, assim como observaram menor mortalidade cardiovascular em cidades mais populosas, queprovavelmente têmmais recursos para lidar com complicações agudas da doença isquêmica cardíaca. Interessantemente os autores encontraram uma relação negativa entre a mortalidade cardiovascular e a distância entre a residência dos pacientes e os centros de saúde, indicando que os pacientes que residemnas periferias têm maiores taxas de complicações cardiovasculares. 8 Um dado preocupante pode ser inferido a partir do gráfico da Figura 1, que ilustra o comportamento do PIB 10,0 8,0 4,0 6,0 2,0 0,0 –2,0 –4,0 –6,0 1977 1982 1987 1992 2002 2012 1997 2007 2017 Variação percentual anual do PIB no BRASIL entre 1979 e 2016 Figura 1 – Variação percentual anual do produto interno bruto (PIB) no Brasil entre 1979 e 2016. Fonte: Fundação Getúlio Vargas - Centro de Contas Nacionais - diversas publicações, período 1947 a 1989; IBGE. Diretoria de Pesquisas. Coordenação de Contas Nacionais. https://agenciadenoticias.ibge . gov.br. [Acesso em 2018 fev 19]. Disponível em: https://seriestatisticas.ibge.gob.br/series.aspx?=produto-interno-bruto&código=SCN52. no Brasil nas últimas décadas. Após umperíodo variável de crescimento do PIB, o nosso país enfrentou dois anos seguidos de retração do PIB, sendo que o estado do Rio de Janeiro foi especialmente afetado do ponto de vista social com regressão de diversos indicadores de desenvolvimento social, tendo em vista a contribuição significativa da crise no setor petrolífero. Esses dados adicionados ao aumento da obesidade e ao crescimento da prevalência de diabetes no Brasil podem se somar à interrupção da queda da mortalidade cardiovascular observada por Mansur e Favarato, 3 a partir de 2010 no Brasil e contribuir para um inédito aumento da mortalidade cardiovascular após anos de progressivas quedas. Nos Estados Unidos, um fenômeno similar também foi recentemente observado e tem criado expectativas muito adversas quanto à trajetória de redução da mortalidade cardiovascular. 9 Congratulamos os autores pelo trabalho que atesta a importância da melhoria das condições de vida da população para redução da mortalidade cardiovascular. Todos os esforços dos gestores de saúde pública devem ser realizados para que não tenhamos mais oportunidades perdidas nesta área. ClaudioTinoco Relação entre Fatores Sociais e Doenças Cardiovasculares Int J Cardiovasc Sci. 2018;31(2)87-89 Editorial

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