IJCS | Volume 31, Nº2, Março / Abril 2018

165 a estratégia backward . Omodelo final incluiu as variáveis com p < 0,05 e a variável idade, mantida por opção dos pesquisadores. Os resultados são apresentados como Razão de Chances (RC) e seus respectivos intervalos de 95%de confiança. A qualidade do ajuste foi avaliada pelo teste de Hosmer-Lemeshow. As análises foram realizadas no software livre R versão 3.1.3. Resultados A amos t ra f o i compos t a de 65 pac i ent es . Houve predominância do sexo masculino (63,1%) com idade média de 58,8 anos (± 10,3). O tipo de cirurgia mais comum foi a de CRVM (78,5%), seguida por troca valvar (27,4%). Amediana do número de fatores de risco pré-cirúrgicos foi 4 (± 2). Os antibióticos mais utilizados em caráter profilático foram cefuroxima (67,7%) e vancomicina (67,7%). Com relação à cefuroxima, a utilização foimenor nos pacientes que tiveramdiagnóstico de mediastinite (Tabela 1). Com relação ao DM, 45,2% dos casos eramdiabéticos e 33,3% insulino‑dependentes, mas não foram observadas diferenças estatisticamente significativas entre os grupos. O cateterismo cardíaco prévio foi realizado em 93,8% dos pacientes. Observou-se FEVEmediana de 60 (± 19,3%) e tempo mediano de CEC de 80 ± 40,3 minutos. O tempo mediano de internação pós-cirúrgica foi 13 dias (± 15), e este tempo foi maior nos pacientes com diagnóstico de mediastinite. O nível mediano de creatinina observado após a cirurgia foi 0,86 mg/dL (± 0,36), tendo sido significativamentemaior nogrupomediastinite.Aevolução a óbito ocorreu em 9,2% dos pacientes e em 23,1% dos que apresentarammediastinite pós-esternotomia. Não foram observadas diferenças em relação ao sexo e à idade, o que confirma a eficácia do pareamento. Observou-se maior número mediano de fatores de risco pré-cirúrgicos entre os que tiveram diagnóstico de mediastinite, além de maior proporção de pacientes que realizaram CRVM. O microrganismo mais encontrado no diagnóstico bacteriológico dos pacientes com mediastinite foi o S. aureus (30,7%) e houve elevada ocorrência de bactérias Gram -negativas (46,2%) (Tabela 2). No modelo logístico, observaram-se, como fatores associados à mediastinite: maior tempo de internação pós-cirúrgica, ocorrência de febre pós-cirúrgica e maior número de fatores de risco pré-cirúrgicos. Cada aumento de 1 dia de internação pós-cirúrgica aumentou em 3,2% a chance de desenvolver mediastinite e, a cada acréscimo de um fator de risco pré-cirúrgico, aumentou esta chance em 57,3%. A ocorrência de febre após a cirurgia aumentou emmais de dez vezes a chance de desenvolver mediastinite (Tabela 3). Discussão Este trabalho foi motivado por um estudo de caso‑controle realizado na mesma instituição de janeiro de 2005 a janeiro de 2007, com 54 pacientes, com idade média de 59,7 anos, submetidos à esternotomia (18 com mediastinite). A maioria dos pacientes era do sexo masculino (72,2% para toda a amostra e 66,7% entre os que desenvolveram mediastinite) e 86% foram submetidos à CRVM. A mortalidade foi de 22,2% na amostra e de 33,3% entre os que apresentaram mediastinite. 15 Já os resultados do presente estudo foram semelhantes aos do trabalho anterior com relação à idade, à predominância do sexo masculino e do tipo de cirurgia (CRVM), com maiores proporções entre os que desenvolverammediastinite. Com relação ao óbito, a mortalidade foi inferior à observada anteriormente, inclusive entre os pacientes que apresentaram mediastinite, mas estes valores ainda continuam elevados, como observado na literatura (14 a 47%). 3 O tempo mediano de internação pós-cirúrgica foi maior nos pacientes com diagnóstico de mediastinite, em ambos os estudos, revelando maior gravidade dos casos e impacto nos custos hospitalares. Faz‑se necessária a investigação dos fatores responsáveis pelo surgimento desta complicação, visando à prevenção e ao controle de infecções relacionadas à assistência à saúde, a fim de melhorar a qualidade da assistência e a segurança do paciente, e reduzir custos. Com relação ao perfil dos pacientes, incidência de mediastinite e mortalidade, Souza et al . , 4 avaliaram pacientes submetidos à intervenções cirúrgicas entre 1991 e 2000 e verificaram idade média de 51,9 anos, maioria submetida à CRVM(tambémentre os que desenvolveram mediastinite) e predomínio de pacientes do sexo feminino. A incidência de mediastinite pós‑esternotomia foi de 1,6% e a taxa de mortalidade 21,6%. Sá et al., 1 avaliaram pacientes submetidos à CRVM entre 2007 e 2010, com idade média de 62,14 anos e predominância do sexo masculino. A incidência da mediastinite foi 5,6% e a taxa de mortalidade, 32,1%. Já Magalhães et al., 3 avaliaram pacientes submetidos à cirurgia cardíaca, de 2007 a 2009; a idade média foi 60 anos e a maioria era Pinto et al. Fatores Associados à Mediastinite Pós-Esternotomia Int J Cardiovasc Sci. 2018;31(2)163-172 Artigo Original

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