IJCS | Volume 31, Nº2, Março / Abril 2018

87 DOI: 10.5935/2359-4802.20180007 “It’s a recession when your neighbor loses his job; it’s a depression when you lose your own.” – Harry Truman Os países ocidentais observam as doenças cardiovasculares liderarem as estatísticas de causa de morte há décadas. No Brasil, as doenças do aparelho circulatório (DAC) também representam as principais causas de óbitos, correspondendo a 28,6% de todas as causas de mortalidade no ano 2011. 1 Concretizando um esforço multinacional, a redução do risco de morte prematura por doenças cardiovasculares foi definida como uma das principais prioridades de desenvolvimento sustentável das Organizações das Nações Unidas até 2030. 2 E, apesar de ainda serem as principais causas de mortalidade em todo o mundo, tem-se observado um declínio da mortalidade por DAC nos países industrializados. Essa redução na mortalidade cardiovasculartambémocorreunoBrasil,sendoqueMansur e Favarato, 3 mostram que essa redução foi significativa e constante no período de 1980 a 2012, provavelmente secundária à maior facilidade no diagnóstico e tratamento do principal fator de risco cardiovascular: a hipertensão arterial sistêmica. Diversas ações contribuem para a redução da mortalidade cardiovascular, destacando-se a prevenção cardiovascular comomelhormanejo de fatores de risco, o acesso a novos medicamentos que controlam a dislipidemia e evitam infartos do miocárdio, como a aspirina, o combate ao tabagismo e ao sedentarismo, e o mais efetivo tratamento das doenças cardiovasculares já estabelecidas, como é o caso das cirurgias cardiovasculares e os procedimentos percutâneos. 2 Neste número do International Journal of Cardiovascular Sciences , Soares et al., 4 vêm apontar para dados importantes e pouco apreciados da cardiologia: a relação da mortalidade cardiovascular com indicadores da macroeconomia. Traçando uma correlação entre dados do Produto Interno Bruto per capita (PIBpc) dos diversos municípios do Estado nas últimas décadas com a redução da mortalidade por DAC, observa-se que a queda da mortalidade foi precedida por elevação do PIBpc, com forte correlação entre o indicador e as taxas de mortalidade. Os autores concluem que a variação evolutiva do PIBpc demonstrou forte associação com a redução da mortalidade por DAC. 4 A associação dos fatores sociais com as doenças cardiovasculares é extremamente importante, porém ainda é pouco estudada. Em 2015, a American Heart Association publicou um documento com o objetivo de aumentar a consciência sobre a influência dos fatores sociais na incidência, no tratamento e nos desfechos das doenças cardiovasculares. 5 A Organização Mundial da Saúde define os componentes sociais da saúde como as “circunstâncias em que os indivíduos nascem, crescem, vivem, trabalham e envelhecem, além dos sistemas empregados para lidar com doenças”. Dentre os diversos fatores sociais ligados às doenças cardiovasculares destaca-se a educação, com estudos demonstrando que as pessoas com menores níveis educacionais têm maior prevalência de fatores de risco cardiovasculares, maior incidência de eventos cardiovasculares e maior taxa de mortalidade cardiovascular independentemente de outros fatores demográficos. 5 A menor escolaridade está ligada EDITORIAL International Journal of Cardiovascular Sciences. 2018;31(2)87-89 Correspondência:Claudio Tinoco Mesquita Professor da Universidade Federal Fluminense. Programa de Pós-Graduação em Ciências Cardiovasculares. Hospital Universitário Antonio Pedro. Av. Marquês do Paraná 303, Centro, Niterói, RJ – Brasil E-mail: claudiotinocomesquita@id.uff.br Relação entre Fatores Sociais e Doenças Cardiovasculares Relationship between Social Factors and Cardiovascular Diseases Claudio Tinoco Mesquita Universidade Federal Fluminense, Niterói, RJ – Brasil Doenças Cardiovasculares / mortalidade, Doenças Cardiovasculares/epidemiologia,DoençasCardiovasculares / prevenção e controle, Isquemia Miocárdica, Fatores de Risco, Fatores Socioeconômicos. Palavras-chave

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