IJCS | Volume 31, Nº2, Março / Abril 2018

140 0,00 0,10 0,20 0,30 0,40 0,50 0,60 0,70 0,80 0,90 1,00 Sensibilidade 0,00 0,10 0,20 0,30 0,40 0,50 0,60 0,70 0,80 0,90 1,00 1 - Especificidade Area sob a curva = 0,9048 (IC 95%: 0,862-0,954) Figura 1 – Curva característica de operação do receptor do modelo preditivo multivariado de doença coronariana obstrutiva nos pacientes com edema agudo de pulmão de origem claramente não definida. IC95%: intervalo de confiança de 95%. saúde, 8 uma vez que a presença de DAC no quadro de IC aguda aumenta o tempo e o custo de internação, como apontado por Purek et al. 9 Digno de nota é o fato de que alterações de eletrocardiograma, que podem sugerir isquemia como mudança do ST (infra) e onda T, não fizeram parte do modelo preditor, sugerindo que tais alterações podem ser encontradas com ou sem DAC obstrutiva. 10 Isso foi verificado na série de nove casos de Littmann, 11 em que ondas T negativas e profundas e o aumento do QT não estiveram associados à doença coronariana no eletrocardiograma, após 24 horas do EAP. Deve-se sempre considerar que outras causas de infradesnivelamento do ST podem ocorrer, como hipertrofia ventricular esquerda e droga (como a digoxina) e, talvez, a própria isquemia relativa, que pode ocorrer durante um episódio de EAP, em que a hipóxia é invariavelmente presente e, quando estiver associada a um aumento da troponina, pode ser considerado um infarto agudo do miocárdio do tipo 2. 10 O exato mecanismo das alterações encontradas é pouco definido, atribuindo-se as respostas eletrofisiológicas das células miocárdicas à estimulação adrenérgica e à hipóxia no miocárdio que, habitualmente, acompanham a condição clínica do EAP. Nesta série, apenas quatro doentes se submeteram à investigação invasiva. O estudo em questão não tinha como objetivo avaliar a mortalidade, mas esta foi observada 15% ao longo de 1 ano − ressaltando que apenas se estabeleu contato em 48%da população do estudo. No estudo de Figueras et al., 2 a mortalidade em 30 dias foi de 14%. Isso indica a gravidade da doença mesmo nos dias atuais. A doença valvular grave ocorreu em 15 casos (10%). Vale lembrar que não se conhecia valvuloptia prévia e que 11 casos (73%) eram estenose aórtica grave, o que é próprio do perfil da população estudada, cuja idade média foi de 65,4 ± 10,2. Este estudo mostra que a doença coronariana obstrutiva grave esteve presente na maioria dos pacientes com edema agudo do pulmão, mas que variáveis habitualmente empregadas na sala da emergência para identificar sua presença falharam, como a interpretação da troponina e a dor torácica antecedendo o quadro clínico. Naturalmente, esperam-se encontrar os preditores relacionados a esta condição – como o antecedente de doença coronariana e o défice segmentar ao ecocardiograma – nesta patologia. Limitações e perspectivas do estudo O presente estudo mostrou que a doença coronariana obstrutiva é prevalente nos pacientes com EAP: 59% dos pacientes tinham alguma artéria com lesão obstrutiva grave provada por estudo hemodinâmico invasivo. A intervenção percutânea não foi realizada na maior parte dos indivíduos com esta condição, troponina Barros et al. Edema agudo de pulmão. Doença Arterial Coronariana Int J Cardiovasc Sci. 2018;31(2)133-142 Artigo Original

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