IJCS | Volume 31, Nº2, Março / Abril 2018

139 O desempenho do modelo foi avaliado pela ASC curva COR, conforme se pode observar na Figura 1. A ASC se mostrou como um bom poder discriminatório com a estatística-C de 0,905 (Intervalo de confiança de 95% − IC95%: 0,862-0,954). Discussão O EAP é uma expressão grave da Insuficiência Cardíaca Aguda (ICA) na sala de emergência. Tem sido comum interpretá-lo na presença de um marcador de necrose positivo, como uma expressão de doença coronariana instável, como foi definidopor Figueras et al., 2 e Pena‑Gil et al. 6 No entanto, sabe-seque a ICA, isoladamente, altera marcador – seja CKMB, seja troponina– e, portanto, nãoéummarcador confiávelparaodiagnósticodesíndrome coronariana aguda. 7 Dessa forma, torna-se difícil este diagnóstico na ausência de alterações eletrocardiográficas claras e evidentes de uma oclusão arterial coronária, como o supradesnivelamento do ST comsua respectiva evolução clássica ao eletrocardiograma. A média da pressão arterial sistólica e diastólica foi elevada na população com EAP, assim como a maioria apresentou fração de ejeção acima de 45% (método Teichholz). Quanto aos valores da troponina, indicadores de um provável infarto agudo do miocárdio, quando julgados por dois cardiologistas independentes associado ao EAP, os valores da troponina não foram capazes de diferenciar aDACobstrutiva da não obstrutiva; a elevação da troponina ocorreu, respectivamente, em 63% e 48% dos casos. Isso remete à seguinte questão: será que mais metade dos pacientes com EAP estavam no curso de um infarto agudo do miocárdio? Provavelmente não, uma vez que era de se esperar que a associação EAP e infarto agudo do miocárdio fosse mais encontrada no curso de um infarto do miocárdio com supradesnivelamento do ST pela extensão maior do envolvimento miocárdio. No estudo em questão, de uma população alvo de 256 pacientes admitidos consecutivamente emEAP, 3 (1%) se apresentaram como infarto agudo do miocárdio com supradesnivelamento do ST e EAP na sala de emergência, mas eles foramexcluídos porque a etiologia do EAP, neste contexto clínico, é bem definida. No estudo de Figueras et al., 2 o infarto agudo do miocárdio comsupradesnivelamento do ST se fez presente em 30% dos pacientes admitidos com esta patologia. Classificar as dosagens seriadas da troponina aumentadas no EAP como secundárias a um evento coronariano agudo não é razoável pelo exposto neste modelo e traz consequências onerosas ao sistema de Barros et al. Edema agudo de pulmão. Doença Arterial Coronariana Int J Cardiovasc Sci. 2018;31(2)133-142 Artigo Original Tabela 5 – Preditores de Doença Coronária obstrutiva nos pacientes com Edema Agudo de Pulmão de origem claramente não definida Preditores OR ajustada (IC 95%) p-valor Dor isquêmica 2,48 (0,38 – 15,9) 0,339 Diabetes 2,37 (0,85 – 6,58) 0,098 Hipertensão 1,70 (0,50 – 5,75) 0,392 História de DAC 13,4 (2,81 – .63,6) 0,001 História de DAOP 6,76 (0,63 - 72,5) 0,114 AVC prévio 5,62 (0,86 - 36,7) 0,071 Fração de ejeção 0,97 (0,93 - 1,01) 0,100 Déficit segmentar do miocárdio 6,21 (1,92 - 20,1) 0,002 Creatinina > 1,2 mg% 2,08 (0,65 – 6,62) 0,214 Onda Q 1,53 (0,45 - 5,21) 0,497 Troponina ultrassensível (1ª medida) ng/ml 2,76 (0,41 – 18,8) 0,299 BNP 1,01 (0,99 - 1,03) 0,417 * Bondade do ajuste do modelo: teste de Hosmer-Lemeshow - p: 0,320; * Área sob a curva = 0,9089 (IC 95%: 0,863-0,955). AVC: acidente vascular cerebral; DAC: doença da artéria coronária; DAOP: doença arterial obstrutiva periférica; BNP: peptídeo natriurético tipo B

RkJQdWJsaXNoZXIy MjM4Mjg=