IJCS | Volume 31, Nº2, Março / Abril 2018

112 Sabe-se que outros fatores pré-hospitalares influenciam no tempo de chegada do paciente, como a região de procedência, a disponibilidade de meios de transporte próprios ou de ambulância para o transporte até o hospital, e a busca ou transferência inicialmente para o serviço de saúde mais próximo, o qual, na maioria das vezes não é especializado e não apresenta os recursos preconizados para o atendimento de vítimas de um infarto. 18,19 Nosso estudo refletiu os entraves logísticos e operacionais enfrentados no atendimento do infarto no sistema público de saúde, uma vez que os fatores que mais determinaram atraso no tratamento especializado de nossa população foram a transferência de outro serviço de saúde e a região de procedência. Dentre as limitações deste estudo, o fato de termos avaliado exclusivamente pacientes atendidos pelo Sistema Único de Saúde e majoritariamente em uma única instituição (houve um único paciente atendido em outro hospital público de Florianópolis) pode ter desconsiderado uma parcela da população que, supostamente, teriamelhores condições socioeconômicas e maiores níveis de escolaridade. Além disto, o número reduzido da amostra pode ter influenciado na falta de associação estatisticamente significativa, embora houvesse poder suficiente para avaliar as correlações sugeridas. Ainda, conforme Bonnet e Wright, 20 talvez os dados poderiam ser mais precisos se a correlação tivesse sido calculada com intervalo de confiança, o que não foi adotado no presente estudo. Entretanto, estes vieses não invalidamnosso trabalho, poismesmo que a amostra fosse maior, é possível que uma correlação que, porventura aparecesse, fosse fraca e sem significado clínico. Conclusão O presente estudo sugere que, em nossa população, fatores educacionais, sociais e cognitivos não estiveram diretamente relacionados ao atraso na chegada ao hospital. Os fatores que mais determinaram atraso foram a transferência de outro serviço de saúde e a região de procedência. O delta tempo prolongado, devido principalmente ao retardo pré-hospitalar, permanece questão desafiadora para que se possa obter benefício máximo das modernas terapias de reperfusão. Contribuição dos autores Concepçãoedesenho dapesquisa:MoreiraDM.Obtenção dedados: TakaguiASM, CarvalhoATG, DuarteTF. Análise e interpretaçãodos dados: Takagui ASM, SilvaRL, FattahT. Análise estatística: Moreira DM. Redação do manuscrito: Takagui ASM. Revisão crítica do manuscrito quanto ao conteúdo intelectual importante: Moreira DM. Potencial Conflito de Interesse Declaro não haver conflito de interesses pertinentes. Fontes de Financiamento O presente estudo não teve fontes de financiamento externas. Vinculação Acadêmica Este artigo é parte do trabalho de conclusão de curso de Andressa Sardá Maiochi Takagui pela Instituto de Cardiologia de Santa Catarina (ICSC). Aprovação Ética e consentimento informado Este estudo foi aprovado pelo Comitê de Ética Instituto de Cardiologia de Santa Catarina sob o número de protocolo 55450816.0.1001.0113. Todos os procedimentos envolvidos nesse estudo estão de acordo com a Declaração de Helsinki de 1975, atualizada em 2013. O consentimento informado foi obtido de todos os participantes incluídos no estudo. 1. Nichols M, Townsend N, Scarborough P, Rayner M. Cardiovascular disease in Europe 2014: epidemiological update. Eur Heart J. 2014;35(42):2950-9. doi: 10.1093/eurheartj/ehu299. 2. Mozaffarian D, Benjamin EJ, Go AS, Arnett DK, Blaha MJ, Cushman M, et al; American Heart Association Statistics Committee and Stroke Statistics Subcommittee. Heart disease and stroke statistics - 2015 update: a report from the American Heart Association. Circulation. 2015;131(4):e29-322. doi: 10.1161/CIR.0000000000000152. Erratum in: Circulation. 2016;133(8):e417. Circulation. 2015;131(24):e535. 3. Rodriguez T, Malvezzi M, Chatenoud L, Bosetti C, Levi F, Negri E, et al. Trends in mortality from coronary heart and cerebrovascular diseases in the Americas: 1970-2000. Heart. 2006;92(4):453-60. doi: 10.1136/ hrt.2004.059295. 4. Bastos AS, Beccaria LM, Contrin LM, Cesarino CB. Tempo de chegada do paciente com infarto agudo domiocárdio emunidade de emergência. Rev Bras Cir Cardiovasc. 2012;27(3):411-8. 5. Sociedade Brasileira de Cardiologia. [IV Guidelines of Sociedade Brasileira de Cardiologia for treatment of acute myocardial infarction Referências Takagui et al. Infarto e atraso no atendimento hospitalar Int J Cardiovasc Sci. 2018;31(2)107-113 Artigo Original

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