IJCS | Volume 31, Nº2, Março / Abril 2018

110 Tabela 2 – Correlações entre tempo de chegada, escolaridade e Miniexame de Estado Mental (MEEM)* Tipo de IAM Delta T IAMCST IAMSST Todos Valor de r Valor de p Valor de r Valor de p Valor de r Valor de p Escolaridade - 0,009 0,933 - 0,067 0,495 -0,032 0,645 MEEM - 0,061 0,545 - 0,140 0,146 - 0,073 0,283 * Avaliados pela correlação de Kendall. IAMCST: infarto agudo do miocárdio com supradesnivelamento de ST; IAMSST: infarto agudo do miocárdio sem supradesnivelamento de ST tempo maior de 90 horas 39 minutos. Esses valores foram significativamente menores quando considerados apenas os infartos com supradesnivelamento de ST, com uma mediana de 3 horas 49 minutos (AIQ: 1 hora e 56 minutos - 11 horas e 46 minutos), comparados a 9 horas e 40 minutos (AIQ: 2 horas e 40 minutos - 18 horas e 01 minuto) para os IAM sem supradesnivelamento de ST (p = 0,04). Ainda, pacientes procedentes de São José demoraram menos tempo para chegar no hospital, com uma mediana de 2 horas e 17 minutos (AIQ: 1 hora e 21 minutos - 12 horas e 19 minutos), comparados com a mediana de 6 horas e 17 minutos (AIQ: 2 horas e 42 minutos - 14 horas e 03 minutos) de outras localidades (p = 0,02); pacientes que vieram transferidos de outro serviço de saúde apresentaram uma mediana de tempo superior (9 horas e 04minutos; AIQ: 3 horas e 19minutos - 16 horas e 33minutos) emrelação àqueles que procuraram espontaneamente o hospital (2 horas e 57 minutos; AIQ: 1 hora e 45minutos - 6 horas e 07 minutos) com p = 0,007. Não houve correlação entre anos de escolaridade e delta T (r = - 0,032; p = 0,645), ou entre desempenho no MEEM e delta T (r = - 0,073; p = 0,283), mesmo quando avaliados separadamente infartos com e sem supradesnivelamento de ST (Tabela 2). Quando analisados os fatores de risco, não houve associação entre a presença de hipertensão arterial sistêmica, diabetes melito, dislipidemia, história familiar, tabagismo ou sedentarismo com o tempo de chegada no hospital (Tabela 3). Comparações entre delta T e estado civil também não foram estatisticamente significativas, sendo que os casados tiveram mediana de tempo de 4 horas e 49 minutos (AIQ: 2 horas e 07 minutos - 12 horas e 09minutos), enquanto os solteiros, divorciados e viúvos, de 5 horas e 20 minutos (AIQ: 2 horas e 47 minutos - 17 horas e 59 minutos), com p = 0,335. Houve, no entanto, associação estatisticamente significativa entre a presença de hipertensão arterial sistêmica e pior desempenho no MEEM, sendo que os pacientes com hipertensão arterial sistêmica obtiveram uma mediana de pontuação de 23 (AIQ: 20,75 - 26,00) e aqueles sem hipertensão arterial sistêmica de 27 (AIQ: 25 - 28), com p < 0,001. O grupo de hipertensos também apresentou menores índices de escolaridade, com pacientes com hipertensão arterial sistêmica com mediana de 4 anos (AIQ: 2 - 8) de estudo e aqueles sem hipertensão arterial sistêmica, de 8 anos (AIQ: 4 - 11), p = 0,002. Ainda, as mulheres de nossa amostra tiveram menos anos de escolaridade, com mediana de 4 anos (AIQ: 2,5 - 7,5), comparadas aos homens, os quais apresentaram uma mediana de 7 anos (AIQ: 4 - 8), com p = 0,04. A pontuação no MEEM foi de 23 (AIQ: 21 - 26) para as mulheres e de 26 (AIQ: 23 - 28) para os homens (p = 0,04). Discussão Este estudo não demonstrou correlação entre o tempo de chegada no hospital e o nível de escolaridade ou desempenho no MEEM, bem como não mostrou associação entre delta T e estado civil, e nem entre delta T e a presença de fatores de risco para doença coronariana. Tais dados são diferentes dos reportados por Franco et al., 7 que avaliaram 112 pacientes com IAM com supradesnivelamento de ST com características de base semelhantes às nossas, e demonstraram correlação fraca a moderada (r = 0,24) entre delta T e escolaridade. Já a comparação do estado civil pelos mesmos autores mostrou que pacientes casados, divorciados e viúvos tiveram um delta T maior do que os solteiros, porém também sem significância estatística (p = 0,06). Takagui et al. Infarto e atraso no atendimento hospitalar Int J Cardiovasc Sci. 2018;31(2)107-113 Artigo Original

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