IJCS | Volume 31, Nº2, Março / Abril 2018

101 Figura 1 – ATIE com estenose. pacientes geralmente são assintomáticos, e as alterações só são evidenciadas por meio da angiografia seletiva. Emum paciente de nosso estudo, submetido a angiografia seletiva durante o cateterismo, foi evidenciada a presença de lesão aterosclerótica em ATIE, com estenose > 70% (Figura 1). Para diferenciar de umpossível vaso espasmo, realizou‑se a infusão de nitroglicerina 200 mcg intra‑arterial, onde houve permanência da lesão suboclusiva (Figura 2). Levando em conta o número pequeno da amostra, 39 pacientes, submetidos ao cateterismo cardíaco com indicação de CRM, o resultadomostra-se relevante, já que nesse paciente optou-se por alteração do enxerto usado para revascularização do miocárdio, excluindo o uso da ATIE, devido ao grande risco de falha do tratamento e aumento da mortalidade. Em 1993 , Sons et al., 17 demonstraram a alta prevalência de lesões ateroscleróticas daATIE empacientes comdoença cardíaca funcional. O estudo analisou 117 pacientes, dos quais todos apresentavam Doença Arterial Coronariana (DAC), associada às alterações valvares, ou alguma outra patologia cardíaca. Aterosclerose da ATIE foi encontrada em 11,1% de todos os pacientes investigados, indicando que fatores de risco como a presença de doença arterial periféricaehiperlipidemia,merecematençãoespecial emum paciente com indicação de realização de CRM, devido à alta prevalênciadaassociaçãodestes fatores comaterosclerosedo principal enxerto utilizado para esta cirurgia na atualidade. Chen et al., 18 realizaram um estudo prospectivo da ATIE em oitenta e seis pacientes com indicação para realização de CRM. A investigação foi efetuada através de angiografia seletiva da ATIE, durante o cateterismo cardíaco, buscando evidenciar a presença de estenose significativa capaz de inviabilizar o enxerto. Foi encontrada, ao nível da artéria subclávia direita, uma lesão significativa em artéria torácica interna (1,2%), juntamente com outras cinco lesões (5,8%) que inviabilizam seu uso. O autor considera como único e importante fator de risco, o sexo feminino. O estudo conclui que a angiografia seletiva da ATIE durante o cateterismo, principalmente nos pacientes com indicação de CRM, é um procedimento seguro e necessário, e deve ser realizado devido à alta prevalência de lesões que possam inviabilizar a sua utilização, com possíveis complicações futuras para o paciente submetido ao tratamento cirúrgico. Em contra partida , Perić et al., 19 também analisaram por meio de angiografia seletiva as características da ATI e suas variações anatômicas, em 80 pacientes selecionados aleatoriamente, e diferente do encontrado nos estudos citados anteriormente, nenhum paciente apresentou aterosclerose em ATI. Entretanto, o grau de variações anatômicas foi maior, cerca de 13,25% das ATI avaliadas, comprovando que a indicação de realização de angiografia seletiva em todos os pacientes que iriam usar o enxerto da ATI para revascularização do miocárdio pode ser necessária. A discordância em relação a presença de aterosclerose entre os estudos, e inclusive em nosso estudo, pode Balzan et al. Aterosclerose na artéria torácica interna Int J Cardiovasc Sci. 2018;31(2)97-106 Artigo Original

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