IJCS | Volume 31, Nº2, Março / Abril 2018

98 Introdução Dentre os principais meios disponíveis para diagnóstico de doença aterosclerótica coronariana, a cinecoronariografia, método de imagem invasivo, é o exame de escolha para a avaliação de pacientes com alto risco cardiovascular, calculado através de escores não invasivos. A angiografia coronariana é também indicada empacientes que apresentamangina e sintomas de insuficiência cardíaca, sendo estas recomendações baseadas em alto grau de evidência. 1 Após o diagnóstico estabelecido de doença arterial coronariana, e de acordo com as características percebidas pelo estudo das imagens, recomendam-se três principais abordagens terapêuticas: tratamento clínico, intervenção coronária percutânea, e cirurgia de revascularização do miocárdio. Após estabelecimento dos critérios para indicação cirúrgica, deve-se prosseguir para escolha do tipo de enxerto a ser usadopelomédico cirurgião. Dentre as opções arteriais, a melhor escolha é a artéria torácica interna. 2 No ano de 1986, por meio de estudo realizado na Cleveland Clinic, demonstrou-se superioridade no uso da ATIE, ou artéria torácica interna esquerda, comparado ao uso da safena, quando anastomosada ao ramo descendente anterior da artéria coronária esquerda, com índices de perviedade superiores a 90% em 10 anos. 3 Estudo confirmado por Boylan et al,. 4 com seguimento posterior por 20 anos emanutenção das taxas de perviedade em torno de 90%dos pacientes submetidos à cirurgia com enxerto de ATIE. Estudos indicam que apenas 4% das ATIE apresentem aterosclerose, e apenas 1% são consideradas estenoses importantes. 5 As possíveis desvantagens são a presença de espasmos, possível atrofia quando utilizada para revascularizar uma artéria sem estenose significativa, e em caso do uso bilateral (ATIE e artéria torácica interna direita), possível aumento na incidência de infecções do esterno em pacientes obesos e diabéticos. 2 Em contra partida, o estudo PREVENT IV , observou 1539pacientes submetidos a revascularizaçãodomiocárdio, com enxerto de ATIE durante 12-18 meses após cirurgia, evidenciando taxa considerável de falha no enxerto de ATIE de cerca de 8,6%. 6 Recentemente , Shavadia et al.. 7 acompanharam 5276 pacientes submetidos à cirurgia de revascularizaçãodomiocárdio, onde 281 pacientes tiveram falha no enxerto após acompanhamento por 12 meses, demonstrando possível presença de lesões inviabilizando o uso da ATIE. Esse é um estudo de caráter analítico, transversal, de prevalência, realizado através da análise de imagens por cardiologistas intervencionistas, obtidas por meio de angiografia, que quantificou a prevalência de estenose da artéria torácica interna esquerda empacientes submetidos à cirurgia de revascularização do miocárdio (CRM). As imagens analisadas foram de pacientes que deram entrada no serviço de hemodinâmica entre o período de janeiro de 2012 até agosto de 2016. Métodos O estudo foi realizado com pacientes que efetuaram a cinecoronariografia no serviço de hemodinâmica do Centro de Diagnósticos Paraná - CEDIPAR – Hospital Paraná, município de Maringá, PR. Os pacientes foram selecionados independentemente da idade, sexo e comorbidades, que após a realização de cinecoronariografia, tiveram indicações pelos médicos cardiologistas intervencionistas do serviço de hemodinâmica do CEDIPAR à correção cirúrgica das lesões, CRM, com base na gravidade das lesões arteriais coronarianas encontradas. Após finalização do exame de cateterismo cardíaco por via radial, e constatada a necessidade de realização de cirurgia de revascularização domiocárdio, é introduzido um cateter Simmons 1 ou 2, dependendo da conformação do arco aórtico do paciente, e é realizada a cateterização seletiva da artéria subclávia esquerda e torácica interna com injeção manual ou através de bomba injetora, de aproximadamente 10mL de contraste, o iodixanol. Foi feita a coleta de dados de todos os pacientes no estudo, incluindo-se comorbidades e hábitos de vida, como tabagismo, sedentarismo, diabetes melitus tipo 1 e 2, hipertensão arterial sistêmica, hipercolesterolemia, história prévia de IAM com supra desnivelamento do segmento ST, semsupra desnivelamento do segmento ST, e acidente vascular encefálico isquêmico e hemorrágico prévios. Não foramavaliados o grau de estenose da ATIE, sendo considerada somente a presença ou não de lesão. Esses dados foram organizados e tabelados por meio do programa Microsoft Excel 2010 ® . O objetivo primário desse estudo foi identificar a presença de lesões ateroscleróticas na ATIE, analisadas por meio da angiografia, em pacientes com indicação para cirurgia de revascularização do miocárdio, e a quantificação de lesões que inviabilizem a utilização da ATIE como enxerto para o ramo descendente anterior da coronária esquerda. Balzan et al. Aterosclerose na artéria torácica interna Int J Cardiovasc Sci. 2018;31(2)97-106 Artigo Original

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