IJCS | Volume 31, Nº2, Março / Abril 2018

95 Barbosa et al. Impacto dos fatores de risco sobre o custo da CRM Int J Cardiovasc Sci. 2018;31(2)90-96 Artigo Original a idade avançada, sexo feminino, fração de ejeção do VE, número de coronárias doentes, cirurgias prévias e elevado número de comorbidades, podem interferir de modo relevante nos custos hospitalares da CRVM, 3 porém uma análise dos gastos sob esta perspectiva ainda não foi realizada no Brasil. Os pacientes do presente estudo apresentaram uma prevalênciamais elevada de hipertensão arterial, diabetes mellitus, tabagismo, insuficiência renal crônica e lesão de tronco da coronária esquerda quando comparados com os pacientes de outras publicações semelhantes. 4 Os custos variaram, em todas as suas categorias, em relação direta com o número de fatores de risco, porém este aumento não alcançou significância estatística. Outros estudos correlacionarama existência de ummaior número de fatores de risco cardiovasculares com um maior custo hospitalar. 5,6 Entretanto, existem evidências de que fatores locais tais como o país e até mesmo o grau de complexidade do hospital podem contribuir para que os fatores de risco cardiovasculares tenham impacto nos custos hospitalares. 7 Observou-se, neste trabalho, que os grupos não apresentaram diferenças significativas com relação às variáveis demográficas e os motivos de internação, função ventricular e os dados angiográficos. Algumas diferenças relacionadas à história clínica e às comorbidades foram encontradas, porém estes achados eram esperados, tendo em vista que a caracterização dos grupos foi baseada justamente na existência e no número de comorbidades. Com relação às complicações, que representam uma parcela importante dos gastos durante a internação hospitalar, seja pelo aumento do tempo de internação e permanência no CTI ou pelo aumento na utilização de insumos, 8 não foram observadas diferenças importantes entre os grupos. Entretanto, outros trabalhos correlacionam a existência de alguns fatores de risco com a ocorrência de complicações durante o período de internação hospitalar, 9 podendo resultar em custos de internação maiores nestes pacientes. Os resultados referentes à internação hospitalar também não apresentaram diferenças significativas entre os grupos. Essas informações são importantes porque o tempo de permanência hospitalar e o tempo de permanência no CTI são fortes determinantes do custo total da internação. 10 Neste trabalho, a utilização dométodo domicrocusteio permitiu a contabilização mais precisa dos custos da internação hospitalar de cada paciente, permitindo também uma análise mais refinada dos gastos com medicamentos, exames laboratoriais, exames complementares de imagem, materiais e profissionais. Escores clínicos para a avaliação do risco de complicações e mortalidade na CRM, tais como o EuroSCORE 11 e o STS score, 12 apoiam-se em informações sobre as comorbidades e fatores de risco cardiovascular com o objetivo de estimar eventos. Entretanto, neste estudo, com grupos variando entre um até seis fatores de risco, demonstrou que as taxas de complicações e os custos entre os grupos não foram diferentes. É limitação deste trabalho o fato de que os grupos com maior e menor número de fatores de risco corresponder àqueles com o menor número de indivíduos, o que pode dificultar a identificação de uma diferença significativa entre os grupos. Além disso, o pequeno número de pacientes em alguns grupos pode ter contribuído para que não fosse alcançada uma diferença estatisticamente significativa entre os grupos. Os resultados deste trabalho podem contribuir para o melhor controle dos gastos e uma alocação otimizada dos recursos da saúde pelos gestores públicos. A realização deste estudo na forma de microcusteio permite estabelecer como prioridade os custos de cada paciente, levando-se em consideração os custos unitários das diversas intervenções às quais cada paciente é submetido durante a internação hospitalar. Novos estudos poderão utilizar a metodologia do microcusteio, possibilitando um conhecimento mais detalhado dos custos da CRM nos sistemas público e privado de saúde. Contribuição dos autores Concepção e desenhoda pesquisa: Barbosa JL. Obtenção de dados: Barbosa JL, Cunha CFS, Moutella J, Orsi GP, Feldman K, Silva NR, Faria LF. Análise e interpretação dos dados: Barbosa JL, Thiers CA, Cunha CFS, Moutella J, Tura BR, Orsi GP, Feldman K, Silva NR, Faria LF. Análise estatística: Barbosa JL. Obtenção de financiamento: Barbosa JL. Redação domanuscrito: Barbosa JL, ThiersCA. Revisão crítica do manuscrito quanto ao conteúdo intelectual importante: Barbosa JL, Thiers CA, Tura BR. Supervisão / como investigador principal: Barbosa JL. Potencial Conflito de Interesse Declaro não haver conflito de interesses pertinentes.

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