IJCS | Volume 31, Nº2, Março / Abril 2018

185 pela CCDC é de uma miocardiopatia dilatada, a terapia empregada na IC de outras etiologias é empiricamente extrapolada para o tratamento dos pacientes comCCDC. Essa posição foi ratificada pelas recomendações das Diretrizes Brasileiras de Diagnóstico e Tratamento da IC crônica em que todas as recomendações de tratamento foram estendidas para a etiologia por CCDC. 78 Contudo, algumas particularidades no manejo dos pacientes com IC secundária à CCDC devem ser salientadas. Vários estudos sugerem que esses pacientes exibammaior risco de bradicardia sintomática e bloqueio AV comuso de betabloqueadores, devendo-se monitorar cuidadosamente o ritmo cardíaco desses pacientes. Essa precaução é especialmente aplicável quando, por indicação antiarrítmica, a amiodarona foi já iniciada para o paciente. Apesar deste aspecto, os resultados de coorte prospectiva observacional recente sugerem que o betabloqueador possa ter impacto positivo na sobrevida dos pacientes com IC crônica por CCDC. 79 Paciente com teste sorológico positivo Normal Eletrocardiograma Anormal CF III/IV (NYHA) CF I/II (NYHA) Rx – Área cardíaca normal Rx – Cardiomegalia Eco – FEVE normal Eco – FEVE reduzida Holter s/ TVNS Holter c/ TVNS Holter s/ TVNS Holter c/ TVNS Risco baixo Risco intermediário Risco alto Figura 6 – Algoritmo para a estratificação de risco na Cardiopatia Chagásica Crônica. Adaptado de Rassi et al. Circulation. 2007;115:1101-8 e reproduzido a partir da I Diretriz Latino-Americana para o diagnóstico e tratamento da cardiopatia chagásica.1 Terapias alternativas Vários estudos clínicos temmostrado que a eficácia da terapia de ressincronização cardíaca , mediante implante de marca passo multisítio, depende da presença do bloqueio de ramo esquerdo no ECG, padrão presente na vasta maioria dos pacientes incluídos nos grandes estudos multicêntricos que testaram esta terapia. Entretanto, até pelo fato de ser nitidamente predominante o BCRD, a utilidade da TRC em pacientes com CCDC não está demonstrada. O transplante cardíaco tem sido empregado com sucesso nos pacientes com IC avançada secundária à CCDC. 80 Em estudo de 117 pacientes com CCDC que se submeteram ao transplante, a sobrevida relatada aos 1, 4, 8 e 12 anos após o procedimento, foi respectivamente 71, 57, 55 e 46%, respectivamente. Esses dados observacionais mostram que a sobrevida de pacientes com CCDC foi melhor do que a observada empacientes com ICde outras etiologias, 81 o que parece se dever a vários aspectos, Simões et al. Cardiomiopatia da doença de chagas Int J Cardiovasc Sci. 2018;31(2)173-189 Artigo de Revisão

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