IJCS | Volume 31, Nº2, Março / Abril 2018

183 Ressonância Magnética Cardíaca: A RMC é metodologia que permite análisemorfofuncional cardíaca, com alto grau de detalhamento bidimensional, podendo ser bastante elucidativa, principalmente, em casos onde a qualidade das imagens ecocardiográficas for inadequada, ou quando há cavidades ventriculares com alterações avançadas de geometria, dificultando a realização de cálculos ecocardiográficos com as técnicas habituais. Émétodo comgrande capacidade para análise quantitativa de volumes ventriculares e cálculo acurado da fração de ejeção ventricular esquerda. 62-66 Tambémpode ser bastante útil para a análise específica da cavidade ventricular direita, conforme estudos recentes. 67 Estudosmais recentes chamam atenção para o potencial da RMC em detectar as regiões de fibrosemiocárdica empacientes comCCDCe de ser ferramenta potencialmente muito valiosa na predição não-invasiva de risco destes pacientes em desenvolver morte súbita, mesmo naqueles com fração de ejeção de VE ainda preservada. 38 Opadrão de acometimento fibrótico é variado, compresença de fibrose difusamente distribuída, focal emesmo comacometimento transmural, simulando área de fibrose usualmente vista no infarto do miocárdio por doença obstrutiva coronariana (Figura 5). Estudo eletrofisiológico (EEF): As indicações gerais do EEF se aplicam para os pacientes com CCDC. O EEF é necessário para avaliação da função do nó sinusal e condução AV quando a origem dos sintomas, particularmente a síncope, permanece incerta após avaliação não invasiva. Na maioria dos pacientes com função VE preservada que têm taquicardia ventricular não sustentada ou sem arritmia espontânea, o EFF não Figura 5 – Imagens de Realce Tardio onde a fibrose pode ser visibilizada como a área branca inserida no músculo (escuro), indicadas pelas setas. Painel esquerdo observa-se pequena área mesomiocárdica em parede lateral do ventrículo esquerdo em uma imagem de quatro câmaras. Painel direito evidencia extenso acometimento transmural em parede póstero-lateral. fornece informação prognóstica adicional relevante. Tem-se proposto o emprego do EEF em sobreviventes de morte súbita cardíaca e naqueles comTVS para avaliação prognóstica e indicação de terapia medicamentosa e de implante de dispositivos antiarrítmicos, mas os dados sobre a eficácia desta abordagem ainda são limitados. 68-70 Cateterismo cardíaco: A CCDC pode mimetizar, em vários aspectos clínicos, a cardiopatia isquêmica. De fato, os pacientes com CCDC podem exibir dor precordial, alterações eletrocardiográficas do segmento ST-T e ondas Q patológicas, além de alterações segmentares da mobilidade parietal do VE. Desta forma, não é incomum a necessidade de realização de angiocoronariografia para afastar-se a presença de doença arterial coronária nos pacientes com fatores de risco para esta condição. Conforme salientado acima, na grande maioria dos pacientes encaminhados ao cateterismo cardíaco, com CCDC, as artérias coronárias sub-epicárdicas são essencialmente normais ou com lesões obstrutivas não significantes hemodinamicamente. 42,59 Prognóstico O prognóstico da CCDC depende de vários fatores, entre eles o estágio de doença apresentado por cada paciente, como já descrito neste texto. Na fase crônica, quanto à forma clínica com comprometimento da função ventricular, diversas séries observacionaismostraramprognósticopiordestespacientes com CCDC quando comparado ao daqueles com outras cardiomiopatias manifestas por insuficiência cardíaca. Simões et al. Cardiomiopatia da doença de chagas Int J Cardiovasc Sci. 2018;31(2)173-189 Artigo de Revisão

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