ABC | Volume 115, Nº2, Agosto 2020

Minieditorial Obesidade, Sobrepeso, Adiposidade Corporal e Risco Cardiovascular em Crianças e Adolescentes Obesity, Overweight, Body Adiposity and Cardiovascular Risk in Children and Adolescents Weimar Kunz Sebba Barroso 1 e Ana Luiza Lima Souza 1,2 Universidade Federal de Goiás - Liga de Hipertensão Arterial, 1 Goiânia, GO - Brasil Universidade Federal de Goiás - Programa de Pós-Graduação em Ciências da Saúde, 2 Goiânia, GO – Brasil Minieditorial referente ao artigo: Adiposidade Corporal e Apolipoproteínas em Crianças e Adolescentes: Metanálise de Estudos Prospectivos Correspondência: Weimar Kunz Sebba Barroso• Universidade Federal de Goiás - Liga de Hipertensão Arterial – Av. Universitária Hospital Das Clínicas. CEP 74605-220, Goiânia, GO – Brasil E-mail: sebbabarroso@gmail.com Palavras-chave Criança; Adolescente; Hipertensão; Diabetes Mellitus; Síndrome Metabólica; Sobrepeso; Obesidade; Fatores de Risco; Saúde Pública. A obesidade e o sobrepeso são considerados um problema de saúde pública global e que contribuem fortemente para várias doenças crônicas não transmissíveis (DCNT), dentre elas a síndrome metabólica, diabetes mellitus (DM), doenças cardiovasculares (DCV) e câncer. São estimados mais de 1.9 bilhões de adultos com sobrepeso, o que representa 39% da população mundial, e 13% de adultos obesos. A Organização Mundial da Saúde estimou, para 2019, mais de 38 milhões de crianças abaixo dos cinco anos com sobrepeso ou obesidade. A obesidade na infância está associada a maior chance de morte prematura, aumento do risco de hipertensão arterial, DM e câncer. Além disso, crianças obesas apresentam marcadores precoces de DCV, aumento do risco de fraturas, dificuldades respiratórias e resistência à insulina. 1 A obesidade, como fator de risco independente para doenças cardiovasculares, 2 está relacionada com a elevação dos níveis de apolipoproteínas B (ApoB) e consequente disfunção endotelial. A presença de obesidade e dislipidemias durante a infância reflete o desenvolvimento de morbidades cardiovasculares na idade adulta. 3 O excesso de adiposidade corporal está relacionado com a presença de dislipidemia, identificada a partir do aumento dos níveis de colesterol total sérico e lipoproteínas de baixa e alta densidade. Ainda, entendendo que a dislipidemia aterogênica e doença aterosclerótica podem ter o seu início na infância e podem estar acompanhadas da obesidade, elas deve ser analisadas como fatores de risco associados à presença da doença coronária (DAC) na fase adulta. 2,4-6 Altas concentrações de ApoB e baixas concentrações de ApoA1 têm sido identificadas como marcadores bioquímicos para aterosclerose mesmo em idades mais precoces, 7 estando associadas com circunferência da cintura, adiposidade e história familiar de DAC. 8 As apolipoproteínas A1 e B são proteínas essenciais para o metabolismo das partículas de lipoproteínas e seus níveis séricos são reconhecidos como preditores de risco para doença aterosclerótica. A avaliação dos níveis plasmáticos pode auxiliar na identificação do aumento do risco e adoção de estratégias de intervenção precoce. Têm, portanto, a capacidade de adicionar informações clínicas que vão além daquelas obtidas pela avaliação do LDL e HDL. 9,10 Em adultos, as altas taxas de ApoB estão associadas fortemente com a síndrome metabólica e obesidade e são melhores preditoras de risco cardiovascular que as medidas tradicionais de lipídeos sanguíneos. Na população jovem, o perfil lipídico convencional não é um bom preditor de DAC na idade adulta. 7,10-12 Na revisão sistemática “Adiposidade corporal e apolipoproteínas em crianças e adolescentes: metanálise de estudos prospectivos”, 13 a ApoB foi registrada como um marcador cardiometabólico associado com a massa corporal entre adolescentes e crianças, indicando alteração no perfil das apolipoproteínas nessa população. A relevância desse estudo 13 pode ser destacada não só pelo achado clínico, definindo relações entre morbidades e biomarcadores, mas também pelo fato de ter sido direcionado para a população de crianças e adolescentes. Os resultados sensibilizam para a necessidade de estratégias de enfrentamento coletivo para problemas de magnitude global como a obesidade e as doenças cardiovasculares. A inclusão das apolipoproteínas na avaliação padrão do perfil lipídico, como biomarcadores sensíveis para a identificação de risco, pode ser útil como estratégia de rastreamento e detecção precoce, além da construção de indicadores para a vigilância da saúde nessa população. DOI: https://doi.org/10.36660/abc.20200540 172

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