ABC | Volume 115, Nº2, Agosto 2020

Minieditorial Polanczyk Doenças cardiovasculares: verdade nos números Arq Bras Cardiol. 2020; 115(2):161-162 especialmente DCV. 9 O envelhecimento da população, globalização, urbanização com aumento da obesidade e inatividade física são fatores determinantes desses números. Nas últimas décadas, felizmente muito foi alcançado e reduzimos de modo expressivo a mortalidade por essas condições em todos os estados. Entretanto, sabemos que há muito a ser feito; existem desigualdades imensas nesses números, parte expressiva relacionada a fatores como baixo nível de estrutura e recursos na saúde, baixo nível socioeconômico e cultural da população. O mais preocupante é saber que em condições de recursos escassos, os custos com tratamento das DCV acabam drenando mais ainda os recursos existentes, gerando um círculo vicioso de mais pobreza e atraso para o crescimento. Nosso desafio é como levar esses dados para além da academia e dos cientistas. Como fazer que as estimativas de prevalência, incidência e fatores de risco das doenças cardiovasculares sejam empregadas por gestores e políticos para tomada de decisão? 4,7 O primeiro passo, dado por Malta et al., 7 é transformar registros existentes em informações relevantes e válidas que possam nortear ações objetivas de controle das DCV. A aceitação de que registros brutos locais são insuficientes para este propósito é extremamente relevante. Por outro lado, é fundamental que estes dados sejam empregados por gestores, tomadores de decisão, organismos não governamentais e certamente pela comunidade médica, para entender melhor as doenças da nossa população e reavaliar esforços, identificar ações prioritárias para combate e melhorias para a saúde cardiovascular no Brasil. 1. NCD Countdown 2030 Collaborators. NCD countdown 2030: worldwide trends in non-communicable disease mortality and progress towards Sustainable Development Goal target 3.4. Lancet 2018;392(10152):1072-88. 2. World HealthOrganization. (WHO). Global health estimates 2016: deaths by cause, age, sex, by country and by region, 2000-2016. World Health Organization. Geneva; 2018. [Internet] [Cited in 2020 Apr 12] Available from :http://www.who.int/healthinfo/global_burden_disease/estimates/en/ 3. Reddy K.S. Global Burden of Disease Study 2015 provides GPS for global health 2030. Lancet. 2016;388:1448–9. 4. Sridhar D. Making the SDGs useful: a Herculean task. Lancet 2016; 388(10053): 1453–4. 5. Roth GA, Johnson C, Abajobir A, Abd-Allah F, Abera SF et al. Global, Regional, and National Burden of Cardiovascular Diseases for 10 Causes, 1990 to 2015. J Am Coll Cardiol. 2017; 70(1): 1–25. 6. The Lancet. GBD 2015: from big data to meaningful change. Lancet 2016; 388(10053): 1447. 7. Malta DC, Teixeira R, Oliveira GMM, Ribeiro AL. Mortalidade por Doenças Cardiovasculares Segundo o Sistema de Informação sobre Mortalidade e as Estimativas do Estudo Carga Global de Doenças no Brasil, 2000-2017. Arq Bras Cardiol. 2020; 115(2):152-160. 8. BrantI LCC, Nascimento BR, Passos VMA, Duncan BB, IJM Bensenõr, Malta DC, et al. Variations and particularities in cardiovascular disease mortality in Brazil and Brazilian states in 1990 and 2015: estimates from the Global Burden of Disease. Rev Bras Epidemiol . 2017; 20 (Suppl 1): 116-28. 9. Malta DC C, França E, Abreu DMX, Perillo RD, Salmen M C, Teixeira R A, et al . Mortality due to noncommunicable diseases in Brazil, 1990 to 2015, according to estimates from the Global Burden of Disease study. Sao Paulo Med. J.  2017;135(3):213-21. Referências Este é um artigo de acesso aberto distribuído sob os termos da licença de atribuição pelo Creative Commons 162

RkJQdWJsaXNoZXIy MjM4Mjg=