ABC | Volume 115, Nº2, Agosto 2020

Artigo Original Malta et al. Mortalidade por Doenças Cardiovasculares no SIM e no GBD Arq Bras Cardiol. 2020; 115(2):152-160 dessas causas entre os grupos de causas cardiovasculares e os demais capítulos. 4 As estimativas do GBD 2017 foram extraídas da base de dados do Institute for Health Metrics and Evaluation (IHME) e submetidas às correções previamente descritas e detalhadas em publicações anteriores, entre as quais as correções para sub-registro, para CG e para causas mal definidas. 7,8.10 Os dados do SIM, brutos e corrigidos, foram comparados com as estimativas geradas pelo estudo GBD, que também tem como fonte os dados do SIM, tanto pela série histórica no período 2000 a 2017, segundo os óbitos totais e em números absolutos do capítulo de DCV , quanto pelas taxas padronizadas por idade das três estimativas. Tanto no SIM Bruto quanto no SIM Corrigido, as taxas foram calculadas tendo como denominador as estimativas populacionais mais atualizadas geradas pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). 11 Porém, como essa estimativa do IBGE só apresenta dados a partir de 2010, aplicaram-se duas interpolações: uma com os dados do ano de 2000 da versão 2013 disponibilizada pelo IBGE 12 e outra com os dados do ano de 2010 da atual versão disponibilizada em 2018. 11 A população padrão utilizada para o ajuste das taxas padronizadas por idade, por uso do método direto, foi a população mundial do estudo GBD. 7 Para o cálculo das taxas, o estudo GBD considera suas próprias estimativas populacionais (GBD Fonte). Todas as três estimativas foram analisadas para os códigos do conjunto das causas de morte cardiovasculares (I00-I99) nos anos de 2000 a 2017. A Figura 2 apresenta o fluxograma utilizado para comparação das três estimativas, segundo os números absolutos de óbitos e as taxas de mortalidade para o Brasil e as UF. As análises foram realizadas empregando-se o Stata Statistical Software, versão 14 (College Station, TX: StataCorp LP) . Resultados A Figura 1 mostra a proporção das causas mal definidas em relação ao total de óbitos noBrasil de 2000 a 2017. Essa proporção foi de 14,3% em 2000, observando-se uma diminuição mais acentuada a partir de 2005, atingindo 5,5% em 2017. A Tabela 1 mostra que grande parte dos óbitos com causas básicas definidas pelos códigos do capítulo IX da CID-10 constitui CG, usando-se a definição de CG do estudo GBD 2017, sendo a proporção de CG de 42,1% em 2017. Observa- se ainda que, com o passar dos anos, o número de CG diminuiu lentamente, indicando uma melhora na qualidade das definições das causas de morte do capítulo IX da CID-10. O estudo GBD redistribui os CG nas suas estimativas. Tabela 1 – Número total de óbitos, números absolutos e porcentagens de óbitos por doenças cardiovasculares de acordo com o capítulo IX da CID-10 (I00-I99) e com as definições do GBD para doenças cardiovasculares, e ainda números absolutos e porcentagens de códigos garbage , no Brasil, de 2000 a 2017. Ano Total I00-I99 Cardiovascular GBD Códigos garbage n % n % n % 2000 946.685 260.603 27,5 129.883 49,8 126.803 48,7 2001 961.492 263.417 27,4 130.774 49,6 128.637 48,8 2002 982.807 267.496 27,2 133.160 49,8 130.362 48,7 2003 1.002.340 274.068 27,3 137.413 50,1 132.245 48,3 2004 1.024.073 285.543 27,9 143.811 50,4 137.096 48,0 2005 1.006.827 283.927 28,2 142.656 50,2 136.545 48,1 2006 1.031.691 302.817 29,4 152.017 50,2 145.977 48,2 2007 1.047.824 308.466 29,4 156.253 50,7 147.076 47,7 2008 1.077.007 317.797 29,5 163.255 51,4 149.058 46,9 2009 1.103.088 320.074 29,0 164.036 51,2 150.082 46,9 2010 1.136.947 326.371 28,7 167.974 51,5 152.326 46,7 2011 1.170.498 335.213 28,6 173.397 51,7 155.363 46,3 2012 1.181.166 333.295 28,2 174.750 52,4 152.276 45,7 2013 1.210.474 339.672 28,1 179.200 52,8 153.822 45,3 2014 1.227.039 340.284 27,7 181.223 53,3 152.421 44,8 2015 1.264.175 349.642 27,7 186.570 53,4 156.278 44,7 2016 1.309.774 362.091 27,6 194.987 53,9 159.779 44,1 2017 1.312.664 358.882 27,3 199.872 55,7 150.967 42,1 *Óbitos do capítulo de cardiovasculares não classificados como doenças cardiovasculares e códigos garbage não apresentados na tabela, média de 1,8%. 155

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