ABC | Volume 115, Nº1, Suplemento, Julho 2020

Correlação Clínico-radiográfica Atik et al. Derrame pleural prolongado após operação de Fontan em cardiopatia complexa Arq Bras Cardiol 2020; 115(1Supl.1):31-33 que se tornou necessária dada a progressão da hipóxia a partir dos três anos de idade. Os dados preliminares antes da cirurgia corretiva funcional pressupunham boa evolução posterior. No entanto, evoluiu com extravasamento exagerado pleural bilateral que perdurou por 38 dias, apesar de tratamento com albumina (6 a 8 g/Kg/dia), furosemida (4 mg/Kg/dia), sildenafila (3 mg/Kg/dia), espironolactona (2 mg/Kg/dia) e restrição hídrica. O derrame pleural bilateral era exagerado e em volume correspondente de 300 a 500 ml por dia e de maneira persistente. Por infecção nos líquidos pleurais, recebeu antibióticos que não solucionaram o problema persistente. No 34 o dia pós-operatório, cateterismo cardíaco foi realizado. A pressão média pulmonar era de 16 mmHg. Na angiografia arterial foram detectados 4 pontos discretos de conexão de vasos sistêmico-pulmonares, esparsos pelos 2 pulmões, provenientes das artérias torácicas internas e da aorta descendente. Elas não causavam aumento de saturação nas artérias pulmonares, mas mesmo assim foram fechadas por molas e por plug arterial de Amplatzer (Figura 2). Constatou- se, 4 dias após o cateterismo intervencionista, a interrupção das drenagens pleurais e a consequente retirada dos drenos torácicos no 39 o dia de pós-operatório. Teve alta hospitalar no 41 o dia. Figura 1 – Radiografias de tórax no pós-operatório da operação cavopulmonar em cardiopatia complexa. As duas da esquerda na expressão dos derrames pleurais e a da direita após a colocação de molas e plug arteriais na demonstração da área cardíaca normal e hipertrófica. Comentários: A evolução pós-operatória da operação cavopulmonar se reveste de muitas surpresas mesmo em pacientes com todos os parâmetros adequados da função ventricular, do tamanho das artérias pulmonares, da pressão e resistência pulmonares, dentre os principais. A formação de fístulas sistêmico-pulmonares parece ocorrer quase de maneira imediata em face da diferença de pressões que se estabelecem entre os sistemas arteriais. Mesmo que não pareçam tão exuberantes, a atuação de embolização das mesmas se faz necessária, principalmente quando o extravasamento pleural se mostra persistente e sem outra causa evidente. No caso presente, acresce-se como outro fator favorável o próprio tempo longo decorrido de pós-operatório que permitiu a esperada acomodação do fluxo pulmonar no contexto da sua árvore arterial e venosa. Na literatura não encontramos casos com tempo mais prolongado de derrame pleural. Outros procedimentos em casos semelhantes se direcionam à feitura de fenestração, a pleurodese, a ligadura do conduto torácico e o take-down do Fontan. 1,2 32

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