ABC | Volume 115, Nº1, Suplemento, Julho 2020

Relato de Caso Pereira et al. Infarto do miocárdio complicado de “um segmento” Arq Bras Cardiol 2020; 115(1Supl.1):25-30 Discussão A RPL é uma CM incomum e precoce do IM, com incidência relatada inferior a 1%. 2 Existem dois grupos clínicos: o “tipo blow-out ” (ruptura completa ou aguda) com defeito macroscópico e sangramento de alto volume, levando a tamponamento cardíaco; e o “tipo oozing” (ruptura incompleta ou subaguda) sem uma fonte óbvia de sangramento e acúmulo lento de sangue. 2 O último tipo corresponde a até um terço dos casos e pode progredir para ruptura completa ou para formação de pseudoaneurisma. 1-3 Em ambos tipos, a cirurgia imediata é vital, já que a RPL tem uma taxa de mortalidade entre 60 e 96%. 4 A formação de pseudoaneurisma VE é uma CM ainda mais rara, com uma prevalência relatada de 0,05%. 5,6 É uma consequência tardia de uma RPL não descoberta ou não operada do VE, formada quando a ruptura do miocárdio é contida por uma camada aderente de pericárdio, tecido cicatricial ou formação de coágulos. 2 Como resultado, o evento inicial é tipicamente autolimitado e o sangramento causa um hemopericárdio não manifestado por tamponamento cardíaco. 2 A cirurgia urgente é indicada um vez que pseudoaneurismas não tratados têm risco de ruptura de 30 a 45% e taxa de mortalidade de 50%. 3,5 No caso clínico relatado, descreveu-se uma forma atípica de RPL incompleta ou subaguda VE, resultando na formação de tamponamento cardíaco e pseudoaneurisma. No que diz respeito ao diagnóstico, o ETT é o pilar da avaliação inicial das CM após IM. 2 O derrame pericárdico é o principal achado ecocardiográfico na RPL VE. 7 No entanto, nos casos de pseudoaneurisma, o ETT é diagnóstico em apenas 26% dos pacientes e o método padrão-ouro para a sua identificação é a ventriculografia. 8 A RMC é uma alternativa confiável quando o diagnóstico de pseudoaneurisma não pode ser estabelecido por nenhum dos métodos anteriores, conforme ilustrado no relato de caso apresentado. Ele identifica e distingue com precisão aneurismas falsos (pseudoaneurisma) e verdadeiros. 9-11 Os pseudoaneurismas geralmente envolvem paredes laterais ou inferiores; não possuem elementos Figura 3 – Ressonância magnética cardíaca. (A) Imagem de quatro câmaras e (B) Imagem de eixo curto, sequências de recuperação de inversão de tau curta ponderadas em T2 (T2-weighted short-tau inversion recovery images, STIR), mostrando sinal hiperintenso transmural do segmento médio da parede lateral compatível com edema; (C) Imagem de quatro câmaras e (D) Imagem de eixo curto, sequências de realce tardio miocárdico com gadolínio, mostrando realce transmural do mesmo segmento, sugerindo necrose miocárdica; (E) fase telediastólica e (F) fase telesistólica, sequências de cine obtidas por precessão livre no estado estacionário (steady- state free precession, SSFP), mostrando discinesia do segmento médio da parede lateral e uma protuberância sacular sugerindo pseudoaneurisma (seta amarela).VE: ventrículo esquerdo; AE: átrio esquerdo; VD: ventrículo direito; AD: átrio direito. 27

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